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BOLÍVIA | Rumo à virada estratégica de Evo Morales?

sábado 7 de novembro de 2015 | 00:53

No último 6 de setembro, em declarações do presidente Evo Morales, que afirmava a necessidade de uma mudança de atitude, o “apertar os cintos” abriu o debate sobre como enfrentar a crise econômica no seu país, pois começaram a se fazer sentir os efeitos da baixo do preço das matérias-primas de exportação.

Durante os últimos anos, os economistas governamentais afirmaram não ter preocupação já que o governo estaria preparado para enfrentar a crise com altas reservas em moedas estrangeiras, uma boa poupança fiscal e o crescimento sólido de aproximadamente 5% durante os últimos anos. Por outro lado, os economistas de oposição falam em dar início aos ajustes e festejam que estes vão ter custos políticos ao governo. Esses analistas sugerem que este ano o governo tem duas áreas de onde não pode continuar com a demagogia, recomendam não pagar o bônus duplo (doble aguinaldo) e “não se exceder nos aumentos salariais como nos anos anteriores”. A outra área onde entram em debate é o que fazer com a inflação e, frente a revalorização do dólar, encorajam uma desvalorização do peso boliviano que, durante os últimos anos, o ministro da economia, Arce Catacora, tem realizado uma politica de valorização da moeda nacional em relação ao dólar.

Para valorizar mais a moeda e poder desenvolver um setor do mercado interno, possibilitando um maior consumo dentro do país, foi incentivado o surgimento de setores empresariais nacionais vinculados não apenas à produção artesanal e de consumo, mas também ao rol das cooperativas de mineração e setores de uma nova burguesia de origem plebeia incentivada também pelos altos preços dos minérios.

Porém, todos os discursos sobre a “blindagem” da economia nacional começam a entrar em crise com a queda na arrecadação de impostos e regalias de hidrocarbonetos, assim como a derrubada de 29% das exportações nacionais no primeiro semestre deste ano. Nestes últimos dias, o governo tem dado início a um verdadeiro giro estratégico frente aos grandes capitalistas e potências da economia mundial: China e EUA, como uma opção de enfrentar a crise. Tem sido “promovido” ao país mais inversões e crédito, oferecendo vantagens impositivas, seguridade jurídica e vontade de se associar aos grandes capitalistas do norte, em um encontro patrocinado pelo Financial Times que reuniu mais de 130 investidores dos EUA, entre eles o da poderosa Boing, que manifestou sua vontade de investir na Bolívia. Deve-se acrescentar que o governo do MAS já conta com o multimilionário crédito chinês de 7 bilhões de dólares para obras de infraestrutura que serão concedidas a transnacionais de origem chinesa. O motivo é que, a nível internacional, a crise econômica e sua profundidade ainda não estão calculadas pelo governo, então é melhor ter da onde tirar um “dinheirinho” antes que a crise ataque, parece ser o lema. Não importa se tem que lidar com o tão odiado imperialismo.

E para os trabalhadores

Para os trabalhadores, este debate tem apenas um sentido: salvar aos setores empresariais e burgueses. Como?

O empresariado e os economistas burgueses apostaram em não pagar o bônus duplo (doble aguinaldo), mesmo que conseguiram a possibilidade de pagar-lo em cotas e até abril de 2016, já que o oficialismo não podia prescindir de tal medida em momentos que aposta em sua reeleição no mês de fevereiro e no referendo que modificará a constituição política do Estado.

A outra medida em que a direita e o oficialismo se colocam de acordo é nos demitidos e na violação da estabilidade laboral. O vicepresidente, Álvaro García Linera, anunciou os demitidos no setor petroleiro, o mutún, além de Huanuni (empresa de mineração que possúi mais de 5000 trabalhadores e com medidas de ajuste e racionalização de pessoal) e ENATEX (Empresa Nacional de Têxteis). Vale a pena assinalar as declarações do ministro Tomero que toda empresa estatal que não colaborar será fechada, reproduzindo um dos mais rançosos discursos neoliberais.

A mensagem deste debate que é nós trabalhadores é quem pagaremos a crise. Esses anos de “bonança” foram só para os empresários, e agora se preparam para ajustar aos trabalhadores. Por isso o governo e os economistas burgueses pensar em salvar a situação ajustando aos trabalhadores com mais trabalho precário, demissões e fechamento de fábricas nos setores distintos que já começam a sentir a crise.

O que nós trabalhadores temos que fazer é nos prepararmos para a defesa de nossos postos de trabalho, reagrupando um setor de trabalhadores que sustentam a independência política dos trabalhadores, que combata a burocracia sindical capitulada pelo governo e que seja capaz de promover defesa em luta pela estabilidade laboral e tomada de fábricas frente a qualquer empresário que queria fechar a fábrica em função da crise.




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