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São Paulo | Barrar o aumento das passagens e as privatizações de Tarcísio em SP!

Em meio à ofensiva de punições e demissões dos metroviários e da privatização no estado de São Paulo, o governo do Estado aumentou as passagens dos transportes sobre trilhos desde o último dia 1° de janeiro. Estudantes protestaram dia 4 e nova manifestação está sendo chamada para dia 10.

Marília Rochadiretora de base do Sindicato dos Metroviários de SP e parte do grupo de mulheres Pão e Rosas

segunda-feira 8 de janeiro | 03:28

O governo Tarcísio desde o início do seu mandato declarou guerra contra os serviços públicos e contra a população, anunciando que iria privatizar todas as linhas do Metrô e da CPTM, além da Sabesp . Apesar dos esforços dos trabalhadores que realizaram duas greves unificadas contra a privatização, no dia 7 de dezembro do ano passado foi aprovada a privatização da Sabesp na Assembleia Legislativa do Estado de SP. O projeto agora passa, obrigatoriamente, pela Câmara de SP porque precisa que ser aprovado pelos vereadores, uma vez que a capital paulista representa 44,5% do faturamento da Companhia. Paralelamente, o governo terceirizou o atendimento nas estações do Metrô. A partir do dia 15 de janeiro começa a operar no Metrô trabalhadores da empresa Works, que além de receberem salários e benefícios muito menores que os efetivos, não possuem treinamento nem uniforme adequados e nem mesmo Equipamento de Proteção Individual (EPIs). A terceirização não apenas precariza o serviço, mas também abre espaço e prepara a empresa para ser privatizada.

Como se não bastasse, a partir de 1° de janeiro o governo privatista de Tarcísio aumentou também o valor das passagens do Metrô e da CPTM na capital, de R$4,40 para R$5,00 (aproximadamente 13,6%). Com o aumento das passagens, combinado com a terceirização e a privatização, a população pagará mais caro por um serviço mais precário. Dinheiro que ao contrário de ser destinado à melhora e expansão dos serviços, irá engordar os bolsos de um pequeno punhado de capitalistas que vão comprar as empresas e prestar o serviço terceirizado. Enquanto isso, os trabalhadores dos transportes e também do saneamento vão ver suas condições de trabalho e salário piorarem.

Os metroviários no ano de 2023 fizeram 3 greves que pararam SP e estiveram na linha de frente do combate à terceirização e a privatização. Nos propusemos a trabalhar com as catracas liberadas para a população, porque defendemos que todos tenham acesso ao transporte público, estatal e de qualidade. O apoio da população aos trabalhadores dos transportes e à luta contra a privatização só cresceu, porque a população sabe que nas linhas privatizadas do Metrô e da CPTM o serviço só piorou e as falhas aumentaram, e a população viveu na pele as consequências da privatização da Enel com os recentes apagões e sabe que a privatização da Sabesp vai prejudicar principalmente os trabalhadores mais precários e das periferias, onde o serviço de saneamento é menos lucrativo. Tarcísio debocha da população com seu discurso, dizendo que não importa o quanto a população esteja contra ou quantas greves os trabalhadores façam, a privatização vai acontecer.

Da mesma forma, os metroviários desde junho de 2013 vem fazendo parte das mobilizações contra o aumento das passagens e pelo passe livre, participando das manifestações nas ruas junto com os outros trabalhadores e com a juventude. As lutas contra a privatização e contra o aumento das passagens estão diretamente ligadas porque ambas políticas do governo respondem aos interesses de lucro dos empresários dos transportes e não às necessidades da população. Hoje, para se ter uma idéia, as linhas privatizadas, apesar de transportar menos passageiros, já recebem 10 vezes mais por passageiro do que o Metrô e a CPTM. Com o aumento das passagens, essa discrepância ficará ainda maior.

Essa consciência e unidade dos trabalhadores e da população é o que mais assusta o governo de extrema direita de Tarcísio e a direcao do Metrô, que vêm sistematicamente tentando intimidar os trabalhadores que lutam contra as privatizações, principalmente os metroviários que tem sido linha de frente dessa luta. Atacaram nosso direito de greve, colocando a população em risco através do duvidoso plano de contingência e punindo com advertências os trabalhadores que não aceitam compactuar com o treinamento dos fura-greves. Demitiu 8 trabalhadores (e suspendeu mais um por um mês), dentre eles diretores do sindicato e cipistas, por lutarem contra a privatização e contra o ataque ao nosso direito de greve. Distribuíram centenas de advertências aos trabalhadores que aderiram à greve, que mesmo com todo assédio moral coletivo contou com mais de 90% de adesão (segundo dados do próprio governo), demonstrando claramente sua atitude antisindical e até mesmo ilegal. Até os operadores de trem da L1-Azul que tiraram uma foto com a bandeira da Palestina em solidariedade a esse povo que está sendo massacrado, foram advertidos, tamanha retaliação e desespero do Metrô e do governo em enfraquecer a nossa luta junto à população contra seus planos privatistas e também o protagonismo dos metroviários em lutar contra o aumento das passagens. São diversos outros ataques a nossa liberdade sindical, à nossa organização e ao direito de greve. O mais recente é a indicação de supervisores sem concurso interno e através de gratificação de função, ferindo o plano de carreira e transformando essa função em cargo de confiança para que façam o papel de fura greves nas nossas mobilizações.

Mas nós não podemos nos deixar intimidar. Assim como em 2013, precisamos confiar nas nossas forças para, junto com a população e a juventude nas ruas, derrotar o aumento das passagens e também as privatizações e todas as punições e demissões aos metroviários. Por isso nós do Movimento Nossa Classe, estivemos no ato contra o aumento das passagens o dia 4 de janeiro e estaremos novamente no dia 10, lutando contra o governo privatista de Tarcísio. Também denunciando a conciliação do governo de frente ampla Lula-Alckmin que favorece a política de privatização dos governos estaduais através de financiamento do BNDES e também com medidas como o Arcabouço Fiscal. É nas ruas com trabalhadores, juventude e população que vamos derrotar a extrema direita e seus projetos de privatização, o aumento das passagens e todas as punições, avançando na luta pelo passe livre para todos e pela estatização de todo transporte, sob controle dos trabalhadores e da população.




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