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Crise política no Reino Unido | Liz Truss, primeira-ministra britânica, renunciou 44 dias após assumir o cargo

Durou apenas seis semanas no cargo, o mais curto da história britânica. Recentemente, seu ministro de Finanças e seu ministro do Interior já haviam renunciado. As disputas internas em seu próprio partido, sua crise de legitimidade e a catástrofe financeira após o anúncio de um plano econômico do qual ela teve que recuar acabaram por fazê-la cair. Espera-se que um sucessor seja eleito no parlamento na próxima semana.

quinta-feira 20 de outubro de 2022 | Edição do dia

A primeira-ministra britânica, Liz Truss, anunciou na quinta-feira que está renunciando ao cargo de primeira-ministra. Ela durou pouco mais de seis semanas no cargo (o mais curto na história britânica). Esses 44 dias de mandato foram marcados pelo caos político e econômico, catalisado pela oposição a um plano econômico ultraliberal contra a classe trabalhadora.

Liz Truss tornou-se primeira-ministra apenas dois dias antes da morte da rainha Elizabeth II. Mal terminou seu funeral, ela anunciou um plano neoliberal de redução maciça de impostos sobre os ricos, que gerou um choque na economia doméstica e mundial no contexto de alta inflação e perspectivas de baixo crescimento e recessão. A queda histórica da libra e dos títulos de dívida britânicos gerou um pânico que, junto com a pressão de seu próprio partido, o Conservador, acabaram por liquidar o plano de Truss, que na última sexta-feira não só perdeu seu ministro das Finanças, como anunciou que não faria quaisquer cortes de impostos. Pelo contrário, anunciou um aumento no imposto corporativo.

Mesmo assim, muitos consideraram que a resposta de Truss veio tarde e mal, a ponto de que depois de seu ministro das Finanças, Truss teve que se livrar de seu ministro do Interior nesta quarta-feira, ficando na corda bamba.

A crise e finalmente a queda de Truss nada mais são do que um capítulo, o mais recente, da crise política e orgânica em que o Reino Unido se arrasta há muito tempo e em particular desde o Brexit .

"Não posso cumprir o mandato para o qual o Partido Conservador me elegeu", disse Truss em um breve comunicado na Downing Street. Também disse que permanecerá no cargo até que um sucessor seja escolhido, o que deve acontecer na próxima semana.

Sua saída do cargo causa novos danos ao Partido Conservador, que já está 30 pontos atrás do Partido Trabalhista nas pesquisas de opinião depois de mais de 12 anos no governo.

Na semana passada, o líder da oposição, trabalhista Keir Starmer, já havia aproveitado a situação para dizer que Truss "colapsou a economia", sabendo dessa diferença nas pesquisas a seu favor e contra os conservadores. Os Tories (conservadores), estão em profunda crise e vêm de uma série de desastres, sendo Truss o último e mais fraco elo, eleita por votação interna dos filiados conservadores.

Seu sucessor será o quinto primeiro-ministro em menos de sete anos desde o Brexit, cujo referendo ocorreu em 2016 e levou a um período de caos sem precedentes na política britânica.

Esta profunda crise está ocorrendo em meio a uma onda de greves operárias, como não se via há décadas. Diante de uma inflação histórica que supera dois dígitos e aumentos nas taxas de serviço, trabalhadores de ramos estratégicos como transporte, portos, logística, saúde etc., têm feito greves por aumentos salariais que superem a inflação. A classe trabalhadora como sujeito no cenário britânico já invadiu a realidade política e social, e como na França pode dar origem a um novo "inverno do descontentamento" que fará ouvir as reivindicações dos trabalhadores e dos setores populares em meio à crise.




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