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Às vésperas do aniversário de 1964 | Confira 9 vezes que Lula pactuou com os militares nos últimos meses

Mateus CastorCientista Social (USP), professor e estudante de História

quinta-feira 28 de março | Edição do dia

1. Lula mantém recurso de R$ 5,6 bilhões para as Forças Armadas. Milhões são direcionados ao alto comando

Em janeiro, o governo Lula-Alckmin direcionou R$5,6 bilhões para o Ministério da Defesa e as Forças Armadas em 2024, que dentro dos cortes orçamentário do governo para o ano, sofreu pouco impacto. O Comando do Exército continuou a receber R$10 milhões em emendas e o Comando da Aeronáutica tem R$7 milhões em recursos, enquanto a Marinha ganhou para seu Fundo Naval a quantia de R$122 milhões. O montante total equivale a recursos destinados à ministérios como da Saúde e Educação. No que tange ao bolso, o governo atual mantém o oficialato tão satisfeito e privilegiado quanto o fez o governo Bolsonaro.

2. Lula coloca militares como interventores na crise Yanomami. Em 2024, as mortes sistemáticas continuam

Um dos primeiros escândalos durante o governo Lula foi o maior alcance da crise generalizada sofrida pelos povos Yanomami diante da invasão do garimpo. A situação, dramatizada ainda mais durante Bolsonaro, foi instrumentalizada pelo novo governo para se colocar à opinião pública nacional e internacional como "responsável" com os povos indígenas diferente de seu antecessor. As Forças Armadas, que historicamente assassinam e reprimem os povos indígenas, foram ordenadas por Lula para gerirem a situação. O resultado é a continuidade da crise humanitária e o extermínio gradual dos povos Yanomami.

Veja mais: Relatórios apontam ligação entre militares e garimpo desde 2019 na TI Yanomami

3. Lula anuncia que PAC destinará mais de R$ 50 bilhões para as Forças Armadas

As cifras dizem por si mesmas. No segundo semestre de 2023, foi anunciado um orçamento bilionário que será controlado pela cúpula das forças armadas nos próximos anos. Deste montante, R$ 27,8 bilhões serão investidos de 2023 a 2026. Os R$ 25 bilhões restantes ficaram disponíveis para o próximo período. As Forças Armadas dividirão o orçamento entre compra de equipamentos terrestres, aéreos e fluviais. Mais do que um "aceno", uma demonstração material de um pacto entre o governo federal e as FAs.

O novo PAC também foi usado como uma ferramenta do governo federal com o próprio Tarcísio de Freitas, comandante da maior chacina em SP desde o Carandiru, que ainda continua a assassinar negros e pobres no litoral paulista.

Leia também: "Lula e Tarcísio estão em sintonia", diz ministro enquanto governador ataca greve contra privatizações

4. Lei Orgânica das PMs sancionada por Lula dá aval a banho de sangue da polícia

Depois de mais de 20 anos de tramitação, a reacionária Lei Orgânica das Polícias e Bombeiros Militares, que foi proposta do governo FHC em 2001, voltou a ser pauta na Câmara de Deputados durante o governo de extrema direita de Bolsonaro, com o apoio de partidos que à época eram oposição, como PT, Psol e Rede. Com vários questionamentos de organizações dos direitos humanos, por aprofundar ainda mais o poder da polícia, foi sancionada, com algumas mudanças que não tiram seu caráter reacionário, pelo governo Lula em dezembro de 2023.

5. Lula segue comprando de Israel armamentos usados no genocídio em Gaza

O Estado de Israel junto ao governo brasileiro, firmaram um contrato milionários de compra de drones para a Força Aérea Brasileira. A Israel Aerospace Industries (IAI), estatal israelense parceira do Ministério da Defesa, fornece tecnologias em defesa espacial, aérea, terrestre, naval, cibernética e interna. Seu CEO, Boaz Levy, admitiu que os drones VANT Heron negociados com o Brasil “desempenharam um papel fundamental” no genocídios contra os palestinos em Gaza, ativo em operações de ataque. A Elbit Systems Ltda., principal empresa de armamentos israelenses, é dona de três empresas de armas brasileiras (AEL, Ares Aeroespacial e a Defesa SA), produzindo armamentos usados na repressão ao povo negro e aos trabalhadores.

6. Lula diz que Ditadura "faz parte da história" e que não quer remoer o passado

O presidente Lula afirmou recentemente em uma entrevista para a RedeTV! o seguinte: “(...) Eu estou mais preocupado com o golpe de 8 de janeiro de 2023 do que com 64. (...) Isso já faz parte da história. Já causou o sofrimento que causou. O povo já conquistou o direito de democratizar esse país". Tal declaração firmou uma posição política que se expressou, por exemplo, com a proibição de qualquer ato oficial e público do governo contra a Ditadura Militar.

7. Elogiado por Mourão ao cancelar atos sobre a ditadura, Lula abandona também museu dos direitos humanos

Continuando, assim, a evitar "remoer o passado", Lula foi elogiado por ninguém mais e ninguém menos que Hamilton Mourão por cancelar os atos. Ao mesmo tempo, o governo confirmou que o projeto da criação do Museu da Memória e dos Direitos Humanos não sairá do papel. Decisão que custa caro para a História dos que lutaram contra a Ditadura Militar, que perseguiu e assassinou militantes de esquerda, negros, indígenas e camponeses.

8. Governo decreta sigilo de informações de Mauro Cid e militares envolvidos com o 8 de janeiro

A preocupação com 8 de janeiro ou a punição de militares que participaram ou permitiram a ação bolsonarista - o que resultaria em um juri popular e a investigação de toda alta cúpula das FAs - se esbarra em uma simples decisão de esconder informações, por 100 anos, de militares que serviam a guarda presidencial no referido dia, assim como o sigilo de informações de Mauro Cid.

9. Em cerimônia com a presença de Macron, Lula afirma ter "carinho" pelas Forças Armadas

O mais recente destes "acenos", ontem (27), Lula declarou seu "carinho" pelas Forças Armadas durante evento de lançamento do submarino Tonelero. A presença de Emmanuel Macron, presidente da França, não é por acaso. Brasil e França pretendem desenvolver um submarino nuclear em parceria, o que significa o envolvimento das Forças Armadas de ambos os países e o acesso a recursos milionários para os militares brasileiros.

“Esse carinho temos com a Marinha, temos com a Força Aérea Brasileira e com o Exército Brasileiro, porque um país do tamanho do Brasil precisa ter Forças Armadas altamente qualificadas, altamente preparadas ao ponto de dar respostas e garantir a paz quando nosso país precisar”. Afirmou Lula, na véspera do golpe de 1964, quando os militares julgaram "garantir a paz" e assim partiram as décadas de perseguição, tortura e ataques contra a classe trabalhadora, indígenas e negros.




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