Estudo contou mais de 1.100 tiroteios com presença de policiais ao redor de escolas públicas na cidade do Rio. Foram mais de 450 mil estudantes que tiveram as vidas afetadas e sofreram com a diminuição do desempenho acadêmico, possível evasão escolar e impacto na renda futura, além de verem a morte de colegas que foram assassinados pela polícia com uniforme ou dentro das escolas.
segunda-feira 7 de fevereiro de 2022 | Edição do dia
Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil
A plataforma Fogo Cruzado, que registra ocorrência de tiroteios na cidade do Rio, identificou que 1.154 escolas da rede de ensino municipal do Rio foram afetadas por ao menos uma troca de tiros com a presença de policiais.
Esse número corresponde a 74% das escolas da rede pública cariocas, registrando um impacto em mais de 450 mil estudantes. Entre elas, 57% tiveram até 10 episódios desses tiroteios em 2019, 11% sofreram mais de 30 casos e 4 escolas concentraram 95 trocas de tiros com presença de policiais.
Boa parte desses episódios estão relacionados com operações policiais de repressão ao tráfico de drogas e armas.
A pesquisa Tiros no Futuro afirma que os conflitos estão associados a diminuição do desempenho acadêmico, registrando maior evasão escolar e tendo impacto direto na renda futura dessas crianças e adolescentes. Impactos causados quando os conflitos não são responsáveis pela morte de crianças, atingidas com uniformes escolares ou até mesmo dentro da escola.
O estudo comparou o desempenho no Prova Brasil, exame aplicado pelo governo federal para medir o desempenho dos estudantes, entre escolas afetadas por pelo menos seis tiroteios em operações policiais em 2019 e escolas de mesmo perfil socioeconômico mas não afetadas por tiroteios. A pesquisa detectou diminuição de desempenho em língua portuguesa e, principalmente, em matemática.
Os alunos de escolas municipais cariocas expostas a tiroteios tiveram redução de 64% de aprendizado em língua portuguesa e, em matemática, os alunos chegam a perder o aprendizado. Além disso, escolas afetadas tiveram taxa de reprovação de 4,9% no 5º ano, enquanto escolas não afetadas apresentam taxa de 3,1%.
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