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PANDEMIA | São Paulo tem novo aumento de mortes e pode ficar sem valas

Os cemitérios estão tendo que contratar novos sepultadores enquanto o número de mortos aumenta e Doria força para abertura de escolas. Os sepultadores relatam uma rotina de trabalho pesada em que não conseguem se acostumar com as mortes depois de um ano de pandemia.

sábado 13 de fevereiro de 2021 | Edição do dia

Imagem: Nelson Almeida/AFP

Uma segunda onda do coronavírus está acontecendo em todo o país, e sua ocorrência se dá em um cenário de negacionismo por parte de Bolsonaro e muita demagogia por parte de setores como Doria, que passou a pandemia inteira tentando endossar uma imagem de responsável mas não garantiu testes, EPIs, leitos de UTI, contratação de profissionais da saúde ao longo de todos esses meses.

Esse novo aumento de casos tem um impacto direto no número de mortes, que é sentido nos cemitérios. Na primeira onda houve um pico de casos em São Paulo no mês de maio, quando 8368 pessoas foram enterradas na cidade, nessa época os sepultadores relatam que havia filas de caixões nos cemitérios.

Depois desse pico, as mortes começaram a cair e voltaram a subir de novembro para dezembro, coincidindo com o fim de ano no qual Doria decretou fase vermelha apenas nos dias de feriado. Agora os sepultadores relatam como tem sido esse novo aumento, no qual eles vivenciam um trabalho exaustivo fisicamente e extremamente pesado psicologicamente.

A realidade do trabalho de sepultador não fez com que esses trabalhadores ficassem anestesiados com as mortes, pelo contrário, em relato para o G1, Adenilson Costa, que trabalha há 25 anos no cemitério diz que não é possível estar acostumado: “Não, não estava acostumado com tanta gente morrendo e sendo sepultada num dia só [...] Ficamos muito chateados, tristes e psicologicamente abalados, que a gente não é de aço, né”.

Com esse novo aumento, os cemitérios da cidade tiveram que contratar novos sepultadores e aumentar a frota de carros, os novos contratos são mais precários e não contam com a estabilidade dos demais, pois são terceirizados.

Enquanto os cemitérios preparam uma frente para lidar com a alta de mortes, que seguiu subindo em janeiro, Doria defende que as escolas devem voltar a funcionar normalmente mesmo sem vacinação para a comunidade escolar, além disso o mês de fevereiro começou com o governo estadual decretando a entrada na fase amarela, que permite um maior funcionamento de bares de restaurantes, neste mesmo mês os trabalhadores de diversos hospitais, como o HU da USP, tiveram que fazer manifestações exigindo que todo o quadro de funcionários fossem vacinados.

O município de São Paulo ainda não sofre com a falta de valas, mas isso pode ser uma realidade se os casos continuarem aumentando. O governador parece não estar interessado em impedir a continuidade do aumento, assim como os prefeitos, que em geral seguem a mesma linha de Doria. São os trabalhadores da saúde e dos cemitérios que são massacrados diariamente com essa realidade, correndo riscos e se impactando dia após dia com a brutalidade dessa pandemia que não parece estar tão perto do fim, já que não há grandes perspectivas de rapidez na vacinação.

James Alan, um sepultador mais jovem, relatou também para o G1 que também não tinha se acostumado com essa realidade: “A gente viu sepultamentos de três pessoas da mesma família, quantas famílias não foram destruídas? Isso é muito triste para nós”.

A perspectiva que está colocada para os trabalhadores, a depender de Bolsonaro, Doria, Covas e toda essa corja é que fiquemos doentes, seja física ou psicologicamente, enquanto seguimos realizando trabalhos exaustivos em meio a uma normalidade forçada que se impõe pela sede de lucro dos capitalistas.

Não há como se acostumar, é preciso combater essa realidade, exigindo o direito elementar a testes, leitos, e vacinas, exigindo um verdadeiro plano de combate à pandemia que nunca ocorreu desde o começo dela. Para isso, vai ser necessário uma forte mobilização dos e das trabalhadoras que precisa contar com a ruptura do clima de paralisia instaurado nos sindicatos e nas entidades estudantis.




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