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CATALUNHA | O governo de Rajoy inicia o processo de intervenção na Catalunha

O presidente Catalão Puigdemont respondeu que se o governo espanhol leva adiante a aplicação do artigo 155, o parlamento votará a independência da Catalunha.

quinta-feira 19 de outubro de 2017 | Edição do dia

Na manhã desta quinta-feira venceu o prazo legal colocado por Mariano Rajoy para que Carles Puigdemont respondesse se “retornava à legalidade”, quer dizer, para que dissesse que não havia proclamado a independência e que não ia fazê-lo no futuro.

Puigdemont respondeu com uma carta breve dizendo que “em 10 de outubro passado, o Parlamento celebrou uma sessão com o objetivo de avaliar o resultado do referendo e seus efeitos; e onde foi proposto deixar em suspenso os efeitos daquele mandato popular”.

Em sua mensagem reiterou sua proposta de “diálogo” com o governo espanhol, sinalizando que esta proposta foi atendida. Ao mesmo tempo, disse que “tampouco foi atendida a petição de reverter a repressão. Ao contrário esta foi incrementada agregando a prisão do presidente da Omnium Cultural e do presidente da Assembléia Nacional Catalã, entidades de renomada trajetória cívica, pacífica e democrática.

Finalmente, termina dizendo que “se o Governo do Estado persiste em impedir o diálogo e continua a repressão, o Parlamento da Catalunha poderá proceder, se considerar oportuno, a votar a declaração formal da independência que não votou no dia 10 de outubro.

A resposta do governo se fez esperar; aplicará o artigo 155 da constituição, como já vinha anunciando. Com esse objetivo se reuniram representantes do PP e o PSOE, para acordar as medidas concretas que aprovarão este sábado em um Conselho de ministros extraordinário.

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Durante o dia de ontem circularam outras versões, fontes do governo asseguraram que se Puigdemont não declarava a independência e convocava a eleições antecipadas, não aplicaria o 155. Por outro lado, segundo informaram vários meios catalães, a possibilidade de convocar eleições também faz parte dos debates entre os partidos soberanistas, mas prima a posição de que primeiro há que se proclamar a independência e depois se vê o que se faz.

Nos últimos dias deu um salto a política repressiva do governo espanhol, com a prisão inafiançável dos Jordis, dirigentes da ANC e Omnium. A aplicação do 155 será um novo ataque sobre a autonomia catalã e a ante sala de uma maior repressão sobre o movimento democrático catalão, depois da repressão durante o referendo do 1 de outubro e enquanto se mantém a presença das forças de ocupação policiais enviadas pelo Estado central.

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Para esta quinta estão convocadas novas mobilizações as 18:00 (hora local) na Catalunha, e é preparada uma grande jornada de mobilização para o próximo sábado convocada pela Taula pela democracia (integrada por CCOO, UGT, ANC, Omnium e patronais pequenas como PIMEC e CECOT) que conta com o apoio de numerosas organizações.

O governo central não está disposto a permitir que avance a independência e jamais respeitará a vontade do povo catalão expressa no 10-O. Por isso é chave voltar às ruas e aprofundar a luta, com um apolítica independente da direção do processo, que segue chamando a confiar em uma meidação da EU ou em um “diálogo” que se mostra impossível.

A esquerda sindical e os dirigentes do CCOO e UGT devem convocar uma greve geral para que os trabalhadores possam intervir com força na cena política. Desde a esquerda anticapitalista tem chamado também a necessidade de fortalecer os Comitês de Defesa do referendo, para lutar por um processo constituinte livre e soberano e por todas as reivindicações sociais postergadas. Nesse sentido a CRT se pronunciou dizendo que o objetivo não deve ser instaurar uma nova república capitalista mas sim lutar por uma república catalã socialista.

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No restante do Estado Espanhol, os dirigentes da esquerda reformista do Unidos Podemos seguem apelando ao “diálogo” desde uma posição “eqüidistante” e defendendo um referendo acordado, enquanto o Estado central avança com sua ofensiva repressiva. Essa política favorece ao regime espanhol e ao “bloco constitucionalista”, enquanto ainda não foram convocadas massivas mobilizações em todo Estado em apoio ao povo catalão, contra a repressão e para que se respeite a vontade expressa no 1-O.

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Tradução: Zuca Falcão




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