Em seu quarto mês à frente do Governo de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) quer lançar o que considera desde a sua campanha como o carro forte de programas para a sua gestão do Estado, o Juntos pela Segurança, que pretende substituir o Pacto pela Vida, lançado em 2007 pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB).
domingo 30 de abril de 2023 | 17:32
Foto: Janaína Pepeu
A governadora tentou passar na ALEPE um projeto de lei pedindo autorização de um empréstimo aos bancos internacionais de R$ 3.447.662.648,77 (três bilhões, quatrocentos e quarenta e sete milhões, seiscentos e sessenta e dois mil, seiscentos e quarenta e oito reais e setenta e sete centavos). Dentro desse orçamento, US$ 200 milhões estariam destinados ao programa Juntos pela Segurança. Um grande absurdo que mostra o nível do reacionarismo do governo de Raquel Lyra que frente aos graves problemas estruturais de várias cidades pernambucanas, prefere fazer uma investimento bilionário que só vai aumentar o assassinato de pessoas negras cometida pelas polícias, bem como o aumento do encarceramento em massa da juventude negra.
Raquel Lyra se elegeu como governadora do estado de Pernambuco contando com o apoio de um amplo setor reacionário do bolsonarismo, setores que propagam o ódio às mulheres, a população LGBTQIA+, aos negros, e ao conjunto da classe trabalhadora. Esses setores viam na figura da Lyra grande confiança pela sua posição de delegada da polícia federal, seus discruso de fortalecimento das forças políciais do estado e de representação política contra o direito das mulheres ao aborto, mostrando ser uma inimiga das pautas das mulheres. Raquel Lyra fortalece ainda mais esses setores, incorporando muitos deles no seu governo, como Anderson Ferreira, que acumula dois cargos de direção no Detran-PE e tem a secretaria da Educação, além do seu próprio programa Juntos pela Segurança que representa o seu carro chefe de programa para Pernambuco, que expressa todo o racismo e mecanismos de opressão contra a população negra.
Uma das suas maiores políticas enquanto prefeita de Caruaru foi a criação do programa Juntos pela Segurança, o resultado foi mais violência e morte da população, pois durante a sua gestão, Caruaru ficou como a segunda cidade do estado de Pernambuco em maior número de mortes por decorrência de violência policial. Agora, Lyra quer seguir seu programa racista contra a população jovem e negra precarizada. Enquanto governadora de um dos estados do nordeste em que 96,2% de assassinatos pela policia são de jovens negros, segundo a Rede de Observatórios de Segurança, e que a miséria social alcança níveis absurdos, Raquel Lyra quer investir este montante de dinheiro, de US$ 200 milhões, o equivalente a 1 milhão de reais, numa política que tem como finalidade fortalecer a força repressora do estado, que promete fortalecer a polícia, fazendo a nomeação de novos policiais penais que concluíram o curso de formação, e a realização de concursos públicos para polícia militar, civil, científica. Segundo Raquel Lyra:
“Eu venho aqui como alguém que hoje lidera o Governo de Pernambuco, dizer que vocês não estão sozinhos, que o Juntos pela Segurança, o projeto de recriação e construção da política pública de segurança em Pernambuco, está pronto para iniciar o seu processo de construção logo nesse mês de abril”
Enquanto isso, não aparece como uma preocupação do seu governo pensar nos problemas mais elementares da população. É ensurdecedor a forma como não se fala nada em investir dinheiro em reforma urbana radical, em um dos estados que tem brutais índices de mortes pelas tragédias ambientais, que vitimizam a população que vive em condições de moradia extremamente precárias todos os anos, fruto da barbárie capitalista que não pode garantir a vida da população, porque prioriza os lucros acima de tudo. Nem muito menos nos altos níveis de desemprego e condições precárias de trabalho. Além disso, a mais de 100 dias de governo, Raquel Lyra não se pronunciou sobre o pagamento do piso salarial da enfermagem, em que durante sua campanha, falava que seria uma preocupação da sua gestão.
Raquel Lyra em pouco tempo de seu mandato já mostrou que é uma inimiga dos negros e pretende aprofundar ainda mais a violência policial e o racismo no estado. Por isso somos contra esse projeto reacionário do Juntos Pela Segurança que visa reprimir a classe trabalhadora e o povo pobre. Defendemos ao contrário disso, o fim das operações policiais, das polícias especiais e a abolição completa dessa instituição reacionária e racista que é a polícia.
