×

Paralisação massiva | Veja como foi a paralisação geral de hoje na Argentina na periferia da capital

O golpe de força contra o ajuste de Milei teve alta adesão em fábricas, escolas e outros estabelecimentos, com estações de trem e pontos de ônibus vazios. Organizações sociais e políticas realizaram ondas de manifestações populares em diferentes pontos.

quinta-feira 9 de maio | Edição do dia

As centrais sindicais argentinas Confederación General del Trabajo de la República Argentina (CGT) e Central de Trabajadores y Trabajadoras de la Argentina (CTA) convocaram para esta quinta-feira, 09/05, uma greve nacional contra as medidas de ajuste do governo ultradireitista de Javier Milei. Nestes meses de mandato, mesmo com a potente luta levada a frente pelos trabalhadores argentinos, que barrou ataques como a Lei Omnibus, as condições de vida e trabalho têm sido duramente golpeadas com uma inflação galopante e os aumentos draconianos de tarifas, precarizando grandes setores da população. A Lei de Bases, que foi recentemente aprovada na Câmara, com a conivência da "oposição" peronista e em breve será discutida no Senado, visa aprofundar o saque ao nosso país e os ataques à classe trabalhadora em benefício do FMI e dos grandes empresários.

Desde a noite de ontem, era possível ver que o dia de luta seria massivo e contundente. O setor de transportes deu início à paralisação que tanto incomoda o governo. Devido ao horário de funcionamento dos trens, que há anos era reduzido cada vez mais, os ferroviários da Roca foram os primeiros a parar. Com a saída dos últimos serviços dos terminais por volta das 23h, os quatro sindicatos do setor deram o pontapé na greve. O sucesso da medida fez com que os jornais matinais de quinta-feira mostrasse estações e pontos, normalmente cheias de usuários, completamente vazias, como em Lanús, Lomas e Quilmes. O toque de humor foi dado pela Ministra da Segurança do governo, Patricia Bullrich, que na Plaza Constitución expressou que foi uma greve “fraca”. A ânsia do governo em negar a realidade é tal que estas declarações foram feitas numa estação de trens vazia, com o terminal ferroviário fechado, numa esquina normalmente movimentada de trabalhadores.

No aeroporto de Ezeiza, os trabalhadores aeronáuticos se aqueceram durante a semana com uma grande assembleia convocada com o slogan “As companhias aéreas não estão à venda”. O setor enfrenta a ameaça de privatização e sofre demissões de terceirizados, afetando centenas de trabalhadores da empresa GPS. Assim que o relógio bateu meia-noite de quinta-feira, os informes dos horários dos voos foram sendo preenchidos com uma palavra que antecipava a contundência da greve: CANCELADO.

As principais indústrias da zona sul registraram também elevada adesão. Nos parques industriais de Lanús e Burzaco relataram o amplo apoio dos trabalhadores. Na fábrica de Valentín Alsina Siat a greve foi total, um golpe que certamente prejudicará muito o empresário direitista e apoiados de Milei, Paolo Rocca, do Grupo Techint. Importantes fábricas de vidros, como Rigolleau e Cattorini, ficaram completamente paralisadas. A refinaria Shell Dock Sud operou de forma reduzida, graças à adesão dos trabalhadores da UOCRA à medida. Os filiados ao sindicato dos petroleiros tiveram que ir até a usina porque seu sindicato não parou, o que provocou críticas entre os trabalhadores que veem com preocupação a perspectiva da volta do imposto sobre os salários, defendido por Milei.

Outro setor que aderiu massivamente à greve foi o dos trabalhadores da educação. Escolas de todos os níveis e universidades como as de Lanús, Lomas e Quilmes permaneceram fechadas.

Durante o dia, movimentos sociais, assembleias de bairro e organizações políticas realizaram atividades em Claypole e Guernica. Com bloqueios de ruas e cozinhas populares, eles manifestaram-se contra o ajuste brutal. A partir desses pontos, eles denunciaram a Lei de Bases e o corte de alimentos nas cozinhas comunitárias.

Motivos para organizar uma greve não faltam e é por isso que, apesar da atitude dos dirigentes sindicais, orientada para o diálogo e da colaboração, relatada até por membros do governo, as centrais foram obrigadas a manter a paralisação anunciada há várias semanas. Mas, como denunciam nossos companheiros do Partido de los Trabajadores Socialistas (PTS), partido irmão do MRT na Argentina, e que lá impulsiona o portal La Izquierda Diario, essa greve não pode ser usada pela burocracia como forma de descomprimir um pouco a raiva acumulada e depois continuar negociando com o governo! A força demonstrada pela classe trabalhadora neste dia deve ser replicada quando a Lei de Bases for discutida no Senado, a força e a vontade de barrar o ajuste de Milei está aí!

A Frente de Esquerda e dos Trabalhadores - Unidade (FITU), composta por diversas organizações como o PTS, junto do sindicalismo combativo, as organizações sociais e as assembleias de bairro, tomam a linha de frente da resistência. Mas também exigem que as centrais sindicais concretizem um plano de luta. É o único caminho possível. É a única linguagem que entende a ultradireita, que vem para retirar todos os direitos e conquistas dos trabalhadores e do povo pobre argentino. Mas também é um grande aviso contra aqueles que querem usar a força da resistência operária e popular para pressionar e negociar os seus próprios interesses.

É urgente organizar, também aqui no Brasil, a solidariedade com a luta dos trabalhadores argentinos! Tal como com a odiada Lei Omnibus, que os argentinos derrubaram com a força de sua luta, mostrando a disposição da classe trabalhadora do país para resistir aos ataques, uma vitória para nossa classe no país vizinho será uma vitória para a classe em todo o mundo, e um muito necessário suspiro de vida para a luta em nosso próprio país! Os argentinos mostram o caminho para se enfrentar com os ataques, em defesa da educação pública, dos salários e dos direitos!

Acompanhe aqui, no Esquerda Diário, tudo sobre a paralisação geral na Argentina!




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias