×

Batalha contra a reforma da previdência na França | "Sem trabalhadores não há eletricidade”: grevistas cortam a energia em centros estratégicos da França

Os trabalhadores da energia realizam ações combativas, cortando a energia de várias indústrias e locais simbólicos, incluindo o aeroporto de Toulouse-Blagnac e o Stade de France.

sábado 11 de março de 2023 | Edição do dia

Os trabalhadores energéticos franceses prolongaram a greve contra a reforma da previdência, motivo pelo qual estão em greve por tempo indeterminado desde 7 de março. Ao mesmo tempo, para mostrar sua capacidade de paralisar a economia e despertar o apoio da população, realizaram inúmeros cortes de energia em locais estratégicos. Uma forma de lembrar que, sem trabalhadores, não há eletricidade.

O Stade de France e a vila olímpica em Saint Denis às escuras

Em Seine-Saint-Denis, trabalhadores da indústria de energia e gás realizaram uma ação de choque para “atingir o capital”, de acordo com Salim Khamallah, da CGT énergie Ouest Ile-de-France. Mais de 300 grevistas se reuniram em uma subestação elétrica (que transforma corrente de alta tensão em corrente de baixa tensão para redes industriais e privadas) em Saint-Denis para cortar a energia em locais estratégicos. Durante várias horas, as obras da futura sede dos Jogos Olímpicos, o Stade de France, três centros de processamento de dados, bem como algumas lojas próximas ao estádio ficaram sem energia. Uma forma de fazer os empresários e o governo pagarem por sua intransigência com a reforma da Previdência.

Vendo que os dias de manifestações e a greve massiva e histórica não fazem o governo recuar, os grevistas buscam fortalecer a luta: "Temos outras ações previstas para os próximos dias, não vamos parar até que a reforma da previdência seja derrubada", explicou Salim.

Em resposta a essas ações combativas, a direção da empresa denunciou quinze trabalhadores na Justiça. Nesse sentido, a repressão sindical deu um salto, já que um dos representantes da CGT foi denunciado por “atos violentos” e corre o risco de ser demitido.

O aeroporto de Toulouse-Blagnac e 8.000 empresas industriais na área sofreram quedas de energia

Em Toulouse, depois de ocupar o centro Enedis em Saint Alban desde 16 de fevereiro, grevistas do setor energético ocuparam o centro Laurencin, no norte da cidade. Desta forma, desde segunda-feira, 6 de março, o acesso ao maior centro de Toulouse foi bloqueado para 147 veículos da Enedis. Uma ocupação que serve de “quartel-general” para a mobilização contra a reforma da previdência.

Na quinta-feira de manhã, 250 trabalhadores de energia, gasistas e trabalhadores terceirizados se reuniram na Assembleia Geral. Os trabalhadores votaram por unanimidade a renovação da greve, bem como uma ação de "arrocho energético" que ocorreu no meio do dia em Blagnac, uma cidade onde são instaladas numerosas indústrias aeronáuticas: "Nossa fábrica parou das 11:30 às 12:30 para um blecaute", disse Damien Larsen, trabalhador terceirizado na Aeronautics em Cornebarrieu. Mais de 8.000 empresas estão sofrendo de cortes de luz, incluindo Toulouse-Blagnac e Air France Airport, o que causou atrasos nos voos.

Majid Galla, líder da CGT Énergie Toulouse, explicou o objetivo de suas ações: “O objetivo dessas ações é que elas entram em crescendo. Manifestar é bom, mas não é suficiente. Hoje, decidimos coletivamente cortar a luz na área de Blagnac para atingir as indústrias aeronáuticas e também o aeroporto. Antes disso, fizemos o mesmo com o Toulouse Barnera e a zona industrial de Muret. É a maneira como adotamos para expressar a raiva dos trabalhadores do setor de energia e gás. Uma maneira de demonstrar nossa disposição de demolir essa reforma da pensão, apesar da intransigência do governo."

Em Dieppe, o porto e a Nestlé também sofreram cortes

Em Dieppe, os grevistas das usinas nucleares de Paluel e Penly, em Sena-Maritime, também realizaram ações de "arrocho", nas palavras dos sindicalistas. Eles fizeram isso em uma ação conjunta com os trabalhadores da EDIS, Nestlé e a UL CGT de Dieppe. A subestação elétrica de Etran, em Martin-Eglise, foi tomada pelos grevistas, que revindicaram o corte de luz para grandes empresas da região, especialmente a fábrica de Dieppe (informações confirmadas pela empresa), que emprega 400 trabalhadores. O porto também foi afetado e o transporte de balsa pelo Eurocannel entre Dieppe e Newhaven. Por outro lado, indivíduos e serviços públicos ganharam horas gratuitas de energia. “Estamos em greve renovável e há dois outros dias de ação nos quais participaremos. Por parte do Paluel Central, removemos 600 MW da rede. Existem ações de sabotagem em todo o território e continuarão até que a reforma seja retirada”, explicou Sylvain Chevalier da CGT Paluel para o
Révolution Permanente (jornal irmão do Esquerda Diário na França).

Em toda a França, ocorrem ações semelhantes: em Chambéry, os grevistas tentaram cortar a energia da área comercial de Landiers, enquanto em Tarbes, a Feira da Agricultura, que começou nesta quinta-feira, o fez sem eletricidade. A Prefeitura da Cidade de Saint-Jean-de-Luz, os prédios do jornal Sud Ouest em Perigeux também sofreram cortes. Além disso, em Chasseneuil-Du-Poitou (Vienne), a CGT Energie afirma que cortou a luz na empresa Itron, uma empresa em que um gerente havia anunciado demissões.

Outras ações foram realizadas ao mesmo tempo, com cortes de carga em diferentes plantas de EDF (Électricité de France, principal empresa de energia) seguiram o mesmo caminho: a CGT EDF alegou ter retirado 17134MW da rede. As usinas nucleares de Graveliner (Nord), Chooz (Ardennes) e Belleville (Cher) foram as mais afetadas.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias