terça-feira 22 de setembro de 2015 | 00:00
Fotos: Ana Galdino
Desde sexta-feira a prefeitura do Rio de Janeiro junto a concessionária de ônibus Transoeste tem deixado os trabalhadores de Jacarepaguá e da Zona Oeste sem transporte para atender à demanda do Rock In Rio.
Isto acontece na mesma semana que a prefeitura e a polícia incentivam e são coniventes com a agressão a jovens negros da Zona Norte indo às praias na Zona Sul para com este fato restringirem mais o acesso de pobres, negros e moradores de favelas às prais. A mesma lógica de excluir os negros das praias da Zona Sul é a que precariza o transporte em Jacarepaguá e na Zona Oeste.
No Terminal da Alvorada são disponibilizados mais de 10 ônibus com saídas frequentes ao local do Rock in Rio, enquanto isto os trabalhadores e usuários devem aguardar em filas ainda maiores que o normal para batalhar para um lugar dos coletivos.
Estas duas imagens abaixo ilustram a diferença, primeiro a grande concentração de usuários aguardando algum coletivo no sentido Santa Cruz e depois, vazio, dado o grande número de ônibus disponíveis a pequeníssima fila para ir ao Rock in Rio.
Desde a inauguração dos BRTs ocorreram diversas manifestações em variados lugares da Zona Oeste denunciando as péssimas condições e a batalha diária para conseguir um lugarzinho nos coletivos. Os BRT foram vendidos pela prefeitura como uma melhoria de vida para a população diminuindo muito o tempo dos trajetos ao contar com faixas exclusivas. E de fato diversos trajetos ficaram mais rápidos, porém, isto foi feito extinguido diversas linhas que eram menos rentáveis aos donos das empresas e concentrando milhares de usuários em poucos coletivos. Como se os trabalhadores tivessem que escolher entre rapidez no trajeto ou ter condições muito precárias. É possível ter ambos, o que limita esta possibilidade são os projetos da prefeitura e os lucros das empresas.
Neste final de semana especial, de Rock in Rio, as condições se agravaram e muito. O mesmo drama é esperado no próximo final de semana quando o mega-evento reinicia.
A grande quantidade de coletivos disponibilizados para o evento escancaram uma lógica de cidade a serviço dos lucros e grandes eventos. Tudo é organizado e facilitado se houver um grande evento para os empresários lucrarem, agora para o cotidiano os trabalhadores devem sofrer péssimas condições. Paes e os empresários das concessionárias de ônibus, trem, metrô, muitos deles financiadores de sua campanha, querem mostrar um Rio para os turistas enquanto a população tem que batalhar por um lugar no trem e no BRT.
Uma batalha que dia a dia também tem que ser feita contra o loteamento de espaços públicos a empresas, o terminal de Alvorada, cada vez com mais lojas e menos espaço para os usuários ilustra uma logica que é do começo ao fim de maximizar lucros e não o conforto dos usuários (sem dizer que não se sabe para quem vai o dinheiro do aluguel destes espaços).
Na foto abaixo fica bem ilustrada a situação dos trabalhadores tendo que se espremer entre lojas enquanto aguardam o transporte.
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