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Plenária final: Fórum-PSOL consuma sua integração total à burocracia de Bebel

É revoltante a completa submissão das organizações do PSOL, que atuam no chamado “Fórum das Oposições”, à burocracia de Bebel Noronha (PT,) à frente da APEOESP na rede estadual de educação de São Paulo. Já nem se colocam como oposição dentro da situação como fizeram até esse congresso. A plenária final da tarde de hoje demonstra que estão atrelados até o último fio de cabelo com a burocracia.

domingo 3 de setembro de 2023 | Edição do dia

Alguns setores do PSOL têm usado um suposto enfrentamento ao fascismo como pretexto para todo tipo de capitulação e traição contra os trabalhadores. Se por um lado falam que é necessário enfrentar o fascismo, por outro se aliam e sustentam o governo Lula-Alckmin de forma integral, justamente o responsável pela política de conciliação de classes que abriu caminho para o golpe de 2016 e hoje segue fortalecendo a extrema-direita. Fazem isso enquanto o próprio PT, além de manter a reforma trabalhista, da previdência, toda a essência do NEM, avançam medidas neoliberais como o novo teto dos gastos que é o Arcabouço Fiscal, e agora vota em seu diretório alianças com o próprio PL de Bolsonaro e Valdemar da Costa para as eleições de 2024, fortalecendo mais uma vez a extrema direita. Aqueles que usam o argumento de combate ao fascismo para trair os trabalhadores buscam, no limite, incutir a ideia de que devemos confiar nas instituições e na frente ampla, e que não devemos nos mobilizar.

Agora, durante o congresso da APEOESP, a Resistência, o MES e as demais correntes do PSOL que integram o agora mal chamado Fórum das Oposições vêm cumprindo um papel de total colaboração com a burocracia sindical. Mesmo após os sucessivos ataques de Tarcísio e Feder à educação, a atual direção desse que é o maior sindicato do país com mais de 200 mil filiados, não se moveu nenhum centímetro no sentido de mobilizar os professores de São Paulo. Esse papel de colaboração do PSOL ficou muito bem marcado hoje durante a plenária final.

Dividindo o microfone com os burocratas do PT, Resistência e MES atuaram de forma totalmente colaborativa à burocracia, chegando a votar em todas as resoluções propostas por Bebel, inclusive aquelas que atacam a democracia do sindicato. Aprovaram juntos um “plano de lutas”, que além de comemorarem a vitória de Lula e Alckmin, na prática significa luta nenhuma. Entre as muitas resoluções que convergiram, estão a substituição de assembleias, reuniões e congressos presenciais por versões online. O Fórum ajudou a burocracia a defender que as reuniões deliberativas do sindicato, um dos poucos lugares onde a oposição pode se expressar com muita dificuldade, possam ser realizadas não mais presencialmente, mas sim online. Um ataque direto à democracia, pois nessas reuniões, como vimos durante a pandemia, a burocracia simplesmente desliga o microfone da oposição ou sequer nem abre espaço para intervenção. Não bastasse isso votaram juntos pela criação de um Conselho Político, uma ferramenta que servirá somente para diminuir o peso dos Conselhos Regionais eleitos pela base.

Não por acaso as correntes que compõem o Fórum são também do PSOL. Este partido está atrelado até o osso ao governo federal, ocupando um ministério e como vice-presidente da bancada do governo na Câmara. E agora estará sentado ao lado do Republicanos de Tarcísio na esplanada dos ministérios.

Agora, esses mesmos que hoje votaram em tudo que a burocracia queria, ainda têm coragem de dizer que saíram da oposição porque ela é pequena e, por isso, o melhor é “fazer oposição por dentro”. Oras, se a oposição é pequena hoje, isso se deve em enorme medida à adaptação e traição do PSOL. Bebel diz que acabou com a oposição justamente porque a chapa de Oposição Unificada Combativa, que nós do Nossa Classe integramos junto a outras organizações da esquerda,a única independente do governo da Frente Ampla, não alcançou o mínimo do percentual exigido para integrar a diretoria proporcional do sindicato. Isso aconteceu exatamente porque a oposição foi enfraquecida uma vez que parte dela debandou para abraçar a burocracia sindical garantindo seus cargos.

Fato é que por parte do Fórum não se viu oposição alguma, nem por fora, nem por dentro, nem no plano das ideias. O que se viu foi a antiga oposição fazendo o papel sujo de estar na linha de frente da implementação das manobras mais sujas da burocracia petista, jogando a última pá de cal sobre qualquer sentido crítico à burocracia que ainda podia lhes restar. Resistência, MES e demais correntes que integram o Fórum, terminam como verdadeiros cachorrinhos da Bebel e servindo de para-choque do governo, tentando blindar esse governo de críticas.

Frente à atuação do Fórum hoje, fica mais evidente do que nunca que é somente com a reconstrução de uma oposição forte, que tenha independência de classe em relação a todos os governos, que poderemos golpear, reunindo em um só punho todas as forças daqueles que estão no chão da escola, essa burocracia que há décadas não sabe o que é dar uma aula. E nesse sentido, quem estiver ao lado da burocracia, estará do lado oposto dos trabalhadores da educação.




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