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PALESTINA | Palestina: Mekorot, uma empresa capitalista que mata... de sede

O roubo sistemático de água palestina é mais um aspecto do genocídio silencioso sobre a população civil cometido pelo Estado de Israel.

quinta-feira 7 de julho de 2016 | Edição do dia

A empresa de água estatal israelita, Mekorot, apoiada pelo poder de fogo do exército de Israel, realiza um roubo sistemático da água palestina ao mesmo tempo em que monopoliza o fornecimento, obrigando aos próprios palestinos roubados de seu recurso vital a comprá-la, a tarifas excessivamente superiores às que os cidadãos israelenses pagam, chegando ao extremo de regular o fornecimento segundo os critérios que o estado de ocupação tem para estabelecer a quantidade comercializada.

Não só os territórios palestinos ocupados pelo estado de Israel sofrem um roubo sistemático de água a ser consumida pela população, mas o produto de interferência sionista não os permite ter nenhum grau de autodeterminação, os condenam a viver nas piores condições matérias imagináveis.

Compreender a água potável como um recurso básico necessário para a vida humana, que, por sua vez, produz sob o sistema capitalista toda a riqueza social por meio do trabalho assalariado, e que esse, por sua vez, ao se desenvolver o processo produtivo de toda uma sociedade, exige em abundância os recursos (forças produtivas) para desenvolver a vida social e as relações de produção entre as pessoas (como e para quem produzimos), ao se apresentar a falta ou a escassez de um ou vários desses recursos, necessariamente se produzirão freios e contratempos no modo de produção, envolvendo os produtores sociais assim como na infraestrutura necessária para sustentar, em médio e longo prazos, as condições básicas para a sobrevivência humana.

O desenvolvimento social depende do desenvolvimento das relações sociais de produção, o desenvolvimento das forças produtivas e a ausência ou roubo sistemático de um recurso natural essencial como é a água potável, altera negativamente a situação demográfica, social e produtiva de uma região como os territórios palestinos fora do controle direto de Israel.

O bloqueio israelita ao acesso de água potável pela população palestina, gera problemas de saúde e produtivos à sociedade ocupada, privando-os de recursos para o desenvolvimento até mesmo de baixas condições capitalistas de produção.

Ao controlar os aquíferos que abastecem as áreas urbanas e rurais palestinas, Israel determina o destino da população que depende desse recurso essencial.

Desde a década de 50, poucos anos após a declaração do estado de Israel, sob o patrocínio e a proteção das grandes potências capitalistas, o estado ocupante começou a construir uma obra de engenharia colossal destinada ao abastecimento de todo o território israelita, incluindo as zonas desérticas, transformando-as em verdadeiros vales regados e abastecidos, necessários para um desenvolvimento econômico acelerado, fornecendo as forças produtivas necessárias.

Apropriando-se e desviando o curso do rio Jordão desde o mar da Galileia, o estado ocupante cortou o abastecimento natural de água das zonas palestinas em benefício das populações dos assentamentos judeus e das colônias implantadas.

Várias determinações da ONU vem incitando o estado sionista a regularizar o fornecimento e, inclusive, a revisar as quantidades que, arbitrariamente, decidem vender a preços mais altos nas populações palestinas em relação às judias. Por exemplo, na Faixa de Gaza, os habitantes palestinos devem pagar, obrigatoriamente, para consumir a porção de água escassa que Mekorot lhes dá, entre 1,3 e 1,4 dólares por metro cúbico, enquanto as colônias judias da mesma região pagam apenas 0,10 centavos de dólar.

Um negócio indecoroso e que joga com as vidas de homens e mulheres palestinas que dependem da vontade do ocupante para se refrescar, se lavar e cozinhar suas refeições, já que as fontes em Gaza estão completamente contaminadas e salinizadas devido à proximidade com o mar e o controle total do exército israelita dos poços e cisternas. Como se não bastassem os sofrimentos e humilhações diárias sofridas pela população local, o fornecimento é desigual. Normas sanitárias mínimas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) são de 100 litros de água por pessoa por dia. Na Palestina, Israel, através de sua empresa de água Mekorot, só vende a seus habitantes uma média de 70 litros diários, enquanto em território israelita, o fornecimento é de aproximadamente 280 litros diários.

Quando falamos de um desenvolvimento sistemático de uma prática social genocida por parte de Israel sobre a população nos territórios ocupados, basta buscar nas estatísticas oficiais da ONU, que mostram o declínio anual na porção de água recebida pelos palestinos no decorrer dos anos. Em 1999, recebiam aproximadamente 190 milhões de metros cúbicos anuais, em 2007, cerca de 113 milhões e chegando à escandalosa quantidade de 84 milhões em 2008.

Não só as sangrentas operações militares em grande escala realizadas pelo exército sionista causam milhares de mortes, sobretudo crianças e mulheres civis, mas também um genocídio silencioso, diário, injusto e oculto, se estende, ao privar a população palestina de um recurso vital como é a água potável.

Há algum tempo, mais de 200 anos atrás, ao expulsar milhões de camponeses de suas terras comunais, privá-los de seus meios de produção, de seus rebanhos, estes ficaram disponíveis para serem transformados em força de trabalho para o capital e sua classe. Lhes roubaram sistematicamente seus meios para se reproduzirem materialmente, os condenaram a uma vida de miséria e necessidades, e a ter que sofrer nos próprios corpos a exploração capitalista mais cruel. A mesma que sofremos no dia-a-dia, os muitos que produzimos tudo nesse mundo e uma minoria que fica com o produto do nosso trabalho.

Na Palestina roubada, invadida, saqueada subjugada, humilhada pela ocupação sionista, até os recursos naturais essenciais para a vida são roubados pelo ocupante, que descaradamente os vende a conta-gotas a seus verdadeiros proprietários, a população palestina, estabelecendo, arbitrariamente, o preço, discriminando entre israelitas e palestinos as quantidades de água oferecidas e, assim, gerando um apartheid baseado em concepções raciais que atua condenando as massas palestinas, presas nessa verdadeira prisão a céu aberto, a um genocídio silencioso.

Mas aqueles que vivemos historicamente a opressão, a expropriação, a humilhação e a desigualdade, sabemos ser resistentes. O povo palestino e sua inabalável resistência e dignidade sabe de lutas e momentos heroicos frente ao estado sionista ocupante, ainda que inúmeras vezes suas direções, negociaram e negociam com Israel às suas costas. Mas a sua luta é nossa luta! Um espelho para os milhões que sofremos e resistimos à opressão. Sabemos viver na noite. Nela caminhamos e nos movemos, para que o dia chegue para todos.

Para que o povo palestino possa se autodeterminar em seu território histórico, sem a ocupação nem os negócios sujos das empresas sionistas como Mekorot, vigiados pelo exército israelita. Para que os capitalistas e seus estados que nos reprimem, sejam responsabilizados, mas não diante a sua própria justiça que legitima a nossa opressão, mas sim diante da nossa, a dos explorados, dos condenados, dos que temos voz. Nosso grito organizado agitará as cadeias que nos oprimem, até que a luz seja para todos.

Tradução: Pammella Teixeira




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