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MOVIMENTO OPERÁRIO | Operária da maquila causa alvoroço ao aspirar candidatura independente em Ciudad Juárez

O movimento operário que surgiu em Ciudad Juárez com as valentes trabalhadoras da EATON, Foxconn e Lexmark decidiu em assembleia lançar uma candidatura independente para a Prefeitura Municipal de Ciudad Juárez.

Sergio MoissenDirigente do MTS e professor da UNAM

terça-feira 2 de fevereiro de 2016 | 00:00

As operárias em resistência, que exigem o direito a livre sindicalização, aumento salarial, fim do assédio sexual e laboral dentro das empresas maquiladoras, decidiram em assembleia impulsionar uma candidatura independente por fora do registro de todos os partidos do congresso.

Por isso aprovaram democraticamente por Antonia Hinojosa Hernández. “Toñita”, como é conhecida por suas camaradas. Tem 45 anos e é trabalhadora demitida da EATON Bussman. Começou a se organizar em defesa de um sindicato independente e a empresa a despediu. Nos meses seguintes se somou à luta das trabalhadoras da Lexmark, que realizaram quatro paralisações consecutivas no turno da noite, e ainda seguem lutando por sua reinstalação.

Uma candidatura independente, impulsionada por trabalhadoras em resistência, seria um grande acontecimento da classe trabalhadora e inédito no México. Os operários, maquiladores, trabalhadores, e em particular os seus setores mais explorados, estão excluídos da política por parte dos partidos patronais e do sistema eleitoral antidemocrático. O voto a uma candidatura independente seria um voto da classe trabalhadora contra a classe patronal.

Nos marcos em que os explorados não têm opção política que os represente, pois os partidos como o PRI, o PAN e o PRD estão a serviço dos empresários capitalistas, enquanto que Morena não representa uma alternativa aos explorados e oprimidos ao se limitar a democratizar o regime antioperário existente, uma candidatura operária com um programa de denúncia da situação da classe trabalhadora, das mulheres e dos demais setores oprimidos em Juárez seria um acontecimento político de grande relevância no México.

Um passo possível para a independência de classe das e dos trabalhadores da fronteira com os EUA que, em condições de precariedade, sofrem com a exploração das transnacionais, garantidas pelo regime de alternância.

Um programa independente para lutar pelos direitos dos trabalhadores e do povo

Tudo isso é possível se os trabalhadores levantam uma campanha para denunciar e enfrentar a exploração na indústria maquiladora e os planos do governo que eliminam as conquistas operárias. Uma campanha que ajude os trabalhadores a se organizarem como classe em torno de um conjunto de reivindicações próprias, independente dos partidos capitalistas e instituições patronais. Uma campanha que trace uma linha divisória entre as classes: operários e patrões, lutando pela independência política dos sindicatos, livre do controle dos “representantes” burocráticos e dos sindicatos pró-patronais.

A partir do Esquerda Diário saudamos que se tome uma decisão positiva a impulsionar esta candidatura. Ao mesmo tempo gostaríamos de propor um programa e uma política independente para ser discutida pelos trabalhadores na luta.

Nesse sentido, consideramos que deveriam levantar, junto às reivindicações próprias dos trabalhadores em luta, as demandas das mulheres, dos jovens e dos setores populares de Ciudad Juárez. Assim proporíamos inscrever em seu programa a luta contra os femicídios, contra a criminalização da juventude e contra a militarização, assim como contra os acordos – como o TLC – que nos subordinam ao imperialismo estadunidense.

Junto a isso, denunciar a política do governo e dos partidos do regime que fazem alianças entre si para impor os planos exploradores contra os trabalhadores, chamando a não confiar nas instituições responsáveis e cúmplices pelos milhares de assassinatos e desaparecidos. Desta forma os trabalhadores podem encabeçar a construção de uma aliança operária e popular contra os capitalistas e os partidos que defendem seus interesses.

Uma candidatura operária e independente deveria propor unificar as lutas, enfrentando os dirigentes sindicais traidores. Assim como levar a frente uma perspectiva alternativa ao regime da alternância sustentado pelo PRI, PAN e PRD, lutar por um governo dos trabalhadores e do povo, para que a crise seja paga pelos capitalistas.

É primordial que surja uma candidatura com um programa e perspectiva anticapitalista e socialista, dos trabalhadores, da juventude, das mulheres e dos camponeses pobres, e uma organização política que a leve a frente e a defenda. Nos próximos dias começará a se organizar a campanha e o programa que levantaria essa candidatura. Convidamos nossos leitores a seguir o Esquerda Diário México.




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