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Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

terça-feira 28 de julho de 2015 | 00:01

Após vencer a Colômbia por 4 x 0, a seleção brasileira de futebol feminino conquistou pela terceira vez na história, a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos. Os jogos aconteceram em Toronto, no Canadá e a decisão foi sábado passado (25).

A seleção feminina dominou a partida e abriu o placar logo no início, aos 6 minutos, com um gol de cabeça da veterana Formiga, de 37 anos. Jogando com inteligência e menos intensidade após abrir o placar, as brasileiras mantiveram o domínio da bola, com muita marcação da seleção colombiana, apostando no chute de longa distância para assustar as adversárias.

No segundo tempo, elas voltaram com toda a intensidade e com duas boas chances já nos primeiros dez minutos, obrigando as colombianas irem pra cima pressionando para tentar o embate. Maurine, com um gol olímpico, Andressa e Fabiana selaram o placar em 4 x 0, conquistando o ouro nos jogos pan-americano e demonstrando a força e garra dessas mulheres.

Com 100% de aproveitamento no torneio, vencendo os três jogos na fase de grupo, contra Canadá, Costa Rica e Equador, e o México na semifinal, a equipe comandada por Vadão marcou 16 gols e sofreu apenas três. Resultado melhor que da badalada seleção masculina de futebol, que ficou apenas com o bronze no torneio.

Nos últimos tempos, a seleção feminina de futebol vem dando show, com ótimos jogos e o recém conquistado ouro no pan. Entretanto, quase nada se comenta nos programas esportivos e jornalísticos e a maioria da população brasileira nem sequer sabe que somos campeões pan-americanos de futebol.

Muito se fala do fracasso ou sucesso da seleção masculina, porém quase nada se fala sobre as meninas de ouro do Brasil. Num país dominado por costumes machistas, o futebol é tradicionalmente encarado como um esporte masculino.

Desde pequenas nas aulas de educação física somos acostumadas com o fato de que os meninos jogam futebol, enquanto as meninas vão fazer outro esporte mais "apropriado para o gênero". Aquela velha história de que homens se reúnem para falar de futebol e mulheres sobre a novela.

Uma clara divisão de gênero no esporte. Não é a toa que quase ninguém fala da conquista de nossas meninas. Para uma mulher jogar futebol no Brasil ela precisa desafiar o machismo que vê esse esporte como um esporte masculino, escancarado não só na falta de investimento e apoio para a prática do futebol feminino no país, mas também na forma como as mulheres, que contra todas as expectativas se dedicam ao futebol, não possuem seu trabalho e suas conquistas reconhecidas.

No país do futebol, milhares de meninas e mulheres precisam enfrentar diariamente o machismo estrutural para conseguir jogar, seja no campinho de várzea das periferias, nos poucos clubes de futebol feminino que existem ou mesmo na seleção brasileira de futebol. O ouro das meninas da seleção é uma prova de garra e força das milhares de mulheres que enfrentam todos os dias o machismo da sociedade demonstrando que futebol é sim coisa de mulher.




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