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Chamamos todas e todos a estarem com o Pão e Rosas neste dia junto às trabalhadoras e estudantes em um bloco anti-governista para fazer ecoar o grito de Nem Uma Menos!

Babi DellatorreTrabalhadora do Hospital Universitário da USP, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário

quarta-feira 25 de novembro de 2015 | 14:49

É com o espírito de fazer ecoar o grito entalado na garganta de revolta contra o machismo, a opressão e exploração que sofremos cotidianamente nos locais de trabalho, estudo, nas ruas, em casa, que chegamos em mais um 25 de Novembro, dia internacional de combate violência contra as mulheres, originado em homenagem as “mariposas”, as três irmãs Mirabal, que lutaram contra a ditadura de Trujillo na República Dominicana!

O mapa da violência contra as mulheres publicado na semana passada mostra que, em dez anos da lei Maria da Penha, o Brasil é o quinto país com maior índice de assassinatos de mulheres por violência de gênero. Uma mulher é assassinada a cada 1h50, sendo as negras quem mais sofre e também a maioria violentada pela exploração nos postos de trabalho mais precarizados. Por isso neste dia gritaremos, Nem uma menos por feminicídios! Basta de violência contra as mulheres! Basta de trabalho precário! Efetivação imediata dos terceirizados sem concurso público ou processo seletivo!

Sairemos às ruas para exigir que nenhuma mulher morra mais pela realização de abortos clandestinos, e exigiremos o direito ao aborto legal garantido pelo SUS, educação sexual em todas as escolas e métodos contraceptivos gratuitos e de qualidade. Vamos lutar contra o PL 5069, que legitima o estupro dificultando ainda mais o acesso ao aborto legalizado para esses casos, de autoria de Cunha, diversos partidos burgueses e deputado Padre Ton do PT. Além de também ser autor deste PL, o PT mantém o aborto ilegal nesses 13 anos de governo!

Este dia será marcado também pela revolta diante da lama capitalista que avança mar adentro e escancara a ganância e sede de lucro que, para os capitalistas, VALE mais do que a vida dos trabalhadores, das mulheres e das crianças. Por isso sairemos às ruas para gritar Nem Uma Menos pela ganância capitalista! Mariana (MG) não foi tragédia natural! Para que isso nunca mais aconteça é preciso re-estatizar a Vale sob controle dos trabalhadores!

E no estado de São Paulo, a resposta da juventude secundarista contra o fechamento das escolas é mais de 170 escolas ocupadas contra o governo Alckmin. Vamos às ruas em apoio à esta luta protagonizada por jovens mulheres que se organizam nas escolas para combater toda forma de machismo e defender a educação pública mostrando que podem fazer sua própria história!

No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes defende seu candidato às eleições de 2016, Pedro Paulo, que agrediu várias vezes sua ex-esposa e ambos dizem que é um problema de casal. Não podemos permitir que nenhum funcionário político que agride mulher ocupe cargos políticos. Por isso exigimos a cassação imediata do mandato de deputado federal de Pedro Paulo e a demissão como secretário da prefeitura do Rio de Janeiro!

No Nordeste, o surto de bebês com microcefalia mostra a escandalosa falta de proteção à maternidade, pois mesmo antes da divulgação pela mídia desse surto, já era absurda a realidade de 150 crianças nascerem todos os anos com algum retardo mental. Exigimos que o registro dos casos seja obrigatório, e que o diagnóstico seja precoce para que a mulher decida se quer levar adiante ou não a gravidez! Contra os 15 bilhões cortados da saúde pelo governo Dilma, exigimos maior proteção à maternidade!

As lições da esquerda Argentina na luta contra a violência contra as mulheres

Devemos seguir o exemplo das mulheres da Argentina que saíram as ruas com a mobilização #NiUnaMenos. Enquanto a ex-presidente Cristina Kirchner hipocritamente tentava aparecer com a mobilização, um exemplo político com independência do governo e da oposição burguesa estava junto com as mulheres e defendendo uma medida emergencial contra a brutal realidade de violência.

Nicolas Del Caño, deputado da Frente de Esquerda e do PTS na Argentina, que ganha o salário igual a uma professora e o restante direciona para as lutas dos trabalhadores, no auge da mobilização NiUnaMenos apresentou um Plano Emergencial para combater a violência contra a mulher com medidas concretas que permitem auxiliar as mulheres a saírem de uma situação violência, a partir da construção de casas abrigos, salários pagos pelo Estado para recomporem suas vidas, licença remunerada do trabalho, garantia de aulas em domicílio para não parar de estudar, acesso a médicos e tratamentos, entre outras medidas que responsabilizem o Estado. E para garantir o financiamento desse plano propõe o imposto sobre as grandes fortunas.

Del Caño lutou ao lado das mulheres porque tem um projeto revolucionário junto com milhares de trabalhadores, de mulheres e de juventude que se enfrentam de maneira independente contra os governos, o Estado e os patrões.

Convidamos todas para o Encontro Lições da Esquerda na Argentina para enfrentar a crise no Brasil, este sábado, as 15h no Sindicato dos metroviários, com a presença de Del Caño e de Diana Assunção, uma das fundadoras do Pão e Rosas Brasil e dirigente do MRT.

Por um movimento de mulheres independente do governo Dilma e da oposição de direita

As feministas que apoiam o governo como a MMM estão tentando reduzir a luta pelos direitos das mulheres na luta pelo Fora Cunha, e tem como ponto de apoio para dividir essa tarefa a unidade com o PSOL, que faz o serviço de lavar a cara do governo tendo como alvo Cunha, que sabemos que é um reacionário, mas que só está onde está pela aliança com o PT na base governista. O PSTU tenta se diferenciar denunciando o governo Dilma, mas se unifica com o Fora Cunha fortalecendo essa resposta em detrimento de organizar a luta pelos direitos das mulheres com independência do governo e da direita, já que ambos atacam nossos direitos Tanto é que nas redes sociais muitas militantes dessas correntes estão chamando o ato do dia 25 de novembro no terceiro ato Fora Cunha!

Os governos, os patrões e o Estado querem descarregar a crise nas nossas costas e são responsáveis pela situação de violência contra as mulheres. A violência física, os assassinatos que ocorrem no interior das relações pessoais e amorosas são a expressão mais brutal, o último elo de uma corrente de violências institucionais que se originam no Estado e são reproduzidas e legitimadas por ele, por sua casta de políticos privilegiados, pelas instituições do regime, a Igreja e também pelos meios de comunicação. Isso ocorre toda vez que um caso de violência segue impune; no fato das mulheres ganharem salários 30% menores e estarem nos trabalhos mais precários; com a manutenção da profunda relação entre a Igreja e o Estado; na falta de garantia à maternidade e um longo etc.

Por isso devemos transformar a indignação e o grito de revolta em força para construir um forte movimento de mulheres independente do governo Dilma e da oposição de direita, e assim barrar o PL 5069 e arrancar o direito ao aborto legal!

Chamamos todas e todos a estarem com o Pão e Rosas neste dia junto a trabalhadoras e estudantes em um bloco anti-governista para fazer ecoar Nem Uma Menos!




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