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Eleições Argentina 2023 | Nas eleições argentinas, a Frente de Esquerda mostra o caminho contra a extrema direita e os capitalistas

Rumo às eleições presidenciais de 22 de outubro na Argentina, a Frente de Izquierda e de los Trabajadores Unidad (FITU) levanta a única candidatura de enfrentamento contra os ataques dos empresários e do FMI, denunciando que é a conciliação de classes que fortalece a extrema direita de Milei e propondo um programa pró-operário para que os capitalistas paguem pela crise que eles mesmos criaram no país, imposto desde a força da luta nas ruas e locais de trabalho.

quinta-feira 28 de setembro de 2023 | Edição do dia

Nas eleições presidenciais de 22 de outubro na Argentina haverão cinco candidaturas. Mas apenas uma delas propõe a ruptura com o FMI, esse organismo financeiro imperialista que escraviza o país, e a necessidade de uma resposta profunda para que o povo trabalhador não pague pela crise: a candidatura do PTS (partido irmão do MRT) pela pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores Unidade (FITU), com Myriam Bregman - advogada nos julgamentos contra os militares da ditadura e militante pelos direitos das mulheres e dos trabalhadores - e Nicolás del Caño - referência das lutas da juventude e dos setores de trabalhadores precarizados. Uma candidatura impulsionada por centenas de combatentes de todo o país: referências da luta pelo direito à moradia e contra a precarização do trabalho; mulheres que apoiam as fábricas ocupadas e recuperadas junto com seus colegas; professores e agentes de saúde; trabalhadores de diversas indústrias, dos vinhedos, do tabaco e limão, trabalhadores rurais; referências na luta contra o extrativismo e pela defesa dos territórios indígenas; jovens estudantes secundaristas, terciários e universitários. São setores assim que vem dando vida a essa campanha em cada local de estudo, trabalho e moradia.

Enquanto isso, o reformismo peronista instalado no governo, a direita de Bullrich e a extrema direita de Milei antecipam suas intenções de endurecer os ataques à classe trabalhadora em benefício dos grandes empresários.

Bullrich (do partido de Macri) e Milei (o Bolsonaro “anarcocapitalista” argentino) carregam em comum a reacionária receita da ordem e da repressão, o segundo através de uma ressignificação da velha ortodoxia neoliberal apresentada como “novidade”. Procuram canalizar a raiva de amplos setores com a situação atual, alimentada pela conciliação de classes do governo Fernández e Kirchner, por trás de um programa adaptado aos capitalistas e ao FMI, com Milei trazendo como vice Victoria Villaruel, negacionista da ditadura Argentina e defensora dos torturadores. São a carta na manga dos empresários para reforçar o aparato repressivo do Estado contra as mobilizações.

Sérgio Massa, ministro da Economia à frente do atual governo da Frente de Todos/Unión por la Patria, apoiado por Lula e por correntes do PSOL como o Resistência, impôs uma desvalorização da moeda em 22% a mando do FMI, pulverizando mais uma vez os salários, aposentadorias e rendas da classe trabalhadora e dos setores médios, prejudicando especialmente os que trabalham como monotributistas (MEIs) e os setores informais. Motivado pela situação eleitoral, anunciou medidas para “compensar” o novo ataque, ao mesmo tempo que garante a continuidade do plano de ajuste.

Massa, Schiaretti, Bullrich e Milei partilham um programa de incentivo ao extrativismo (agronegócio, megamineração, fracking e lítio) para obter os dólares necessários para pagar a dívida ao FMI e aos credores privados, com salários baixos, uma precarização generalizada do emprego e uma certa contenção social pela cooptação ou pela força. Suas diferenças fazem parte desse padrão comum. Se olharmos para os vencimentos futuros da dívida, tanto com o FMI como com credores privados, são siderais: em 2024, rondam os 10 bilhões de dólares, mas em 2025, já são 20 bilhões de dólares, e assim sucessivamente todos os anos até 2032. Seja qual for o vencedor, o que surge como elemento comum é algum tipo de plano de estabilização e redução dos “gastos públicos”. Todos os candidatos mais votados concordam com o FMI monitorando e estabelecendo condições para a economia. O que o FMI quer é aplicar a sua receita clássica: reforma trabalhista, fiscal e previdenciária, além da desvalorização.

Não se enfrenta a direita executando uma política que torne os ricos mais ricos e os pobres mais pobres. As tentativas de apresentar a política do atual governo como uma alternativa a Milei não podem evitar este fato elementar: a extrema direita emerge como expressão eleitoral do descontentamento de setores de massa que viram suas condições de vida caírem com as políticas de Macri e Alberto Fernández, seja como voto de protesto ou por acreditarem em saídas mentirosas como a proposta de dolarização da economia. Porém, para que a crise não seja paga pelo bolso dos trabalhadores, tem que ser paga pelos que se encheram de dinheiro: os grandes empresários, os bancos, o FMI e seus políticos.

A Frente de Esquerda e dos Trabalhadores Unidade (FITU) é a única candidatura que levanta a necessidade de a classe trabalhadora e o povo se levantarem para lutar contra este saque, com medidas para que a crise seja paga pelos grandes grupos empresariais que enriqueceram às custas da classe trabalhadora. Num contexto em que as opções majoritárias difundem permanentemente a ideia de que não há possibilidade de sair do capitalismo, ao mesmo tempo que esse sistema conduz a níveis crescentes de desigualdade, de controle social, de crise ecológica e de decadência cultural. É necessário levantar mais uma vez as bandeiras de uma sociedade socialista, que – em ruptura com o capitalismo – coloca as capacidades produtivas a serviço da redução do tempo de trabalho, da melhora das condições de vida e do desenvolvimento das capacidades de todas as pessoas.

A esquerda, representada pela candidatura de Myriam Bregman e Nicolás del Caño do PTS e da FITU, é a única que defende os interesses da classe trabalhadora, apresentando uma proposta para enfrentar imediatamente a situação de crise que atravessa a classe trabalhadora no país vizinho: é necessária uma grande unidade de organizações de trabalhadores e movimentos sociais contra o ajuste, a desvalorização e a inflação que afetam os salários, aposentadorias e planos sociais. Chamam à convocação de assembléias nos locais de trabalho, estudo e nos bairros para discutir ações para exigir uma greve nacional ativa das centrais sindicais, que seja o início de um plano de luta nacional, e a coordenar desde baixo ações entre os sindicatos combativos e o ativismo de base antiburocrático.

Esse é o caminho para impor um programa radicalmente oposto ao dos capitalistas, por um aumento de emergência para todos os trabalhadores e aposentados, ao valor da cesta básica familiar, exigindo a reabertura de todos os dissídios, e que os salários sejam indexados automaticamente todos os meses de acordo com a inflação. Lutam pelo aumento significativo da assistência social aos desempregados e o cumprimento da entrega de alimentos aos refeitórios sociais. Por comitês de trabalhadores e consumidores que garantam um controle efetivo de preços nos locais de produção e comercialização. Pela redução da jornada de trabalho para gerar trabalho para todos sem redução salarial, com plenos direitos e com salário mínimo igual à cesta básica familiar. Por dinheiro para salário, trabalho, moradia, saúde e educação pública, não para a dívida externa e o FMI. Todas essas reivindicações imediatas integram um plano econômico operário e popular postulado pela FIT Unidade, que parte do total não-reconhecimento e não pagamento da dívida externa e da ruptura com o FMI, juntamente com medidas de autodefesa como a nacionalização da sistema bancário e do comércio exterior, criando um banco único que evite a evasão, garanta empréstimos baratos e garanta as poupanças dos pequenos correntistas.

Se utilizando do palanque de campanha e das bancadas parlamentares para fortalecer a luta de classes, o PTS na Frente de Esquerda aposta em colocar suas candidaturas à serviço de impulsionar as lutas e denunciar os ataques vindos da direita e do governo nacional, renunciando aos privilégios da casta política burguesa, recebendo o salário de uma professora e doando o restante a um fundo para financiar as lutas.

A candidatura de Myriam, a primeira de uma mulher à presidência pela FITU, está também a serviço do confronto com a reação patriarcal em curso na Argentina - país que é um palco central da luta internacional das mulheres - que se expressa não só nas posições do setor Milei, como no apagamento das pautas feministas inclusive da campanha de Massa. Por isso recebeu o apoio de mais de 500 referências do feminismo, do movimento LGBTQIAP+, da arte, da comunicação, da cultura e da luta contra a repressão e a impunidade estatal.

Essa campanha, seu programa e suas ideias, são parte de uma batalha estratégica para que a classe trabalhadora possa emergir como sujeito hegemônico para derrotar os capitalistas e suas instituições, na Argentina e no mundo. No Brasil, passa pela batalha pela construção de um partido revolucionário que supere o PT pela esquerda impulsionando a auto-organização da classe trabalhadora, recuperando a democracia soviética, batalhando pela hegemonia operária na resolução das grandes questões sociais e apresentando um caminho para que as revoltas possam se converter em revoluções e abrirem caminho para construção de uma sociedade livre de toda opressão e exploração, uma sociedade comunista.




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