Enquanto governadora era vaiada por alunos, Lula fez questão de levantar para defender "sua convidada".
quinta-feira 8 de junho de 2023 | Edição do dia
Foto: Reprodução/TV Globo
Em mais uma mostra de até onde vai a conciliação de classes do atual governo Lula-Alckmin, o presidente veio defender a governadora direitista de Pernambuco Raquel Lyra. Durante a eleição, a governadora contou com o apoio de toda a direita estadual e inclusive de bolsonaristas. Desde que assumiu, a governadora já deu inúmeras provas de como é inimiga dos trabalhadores: atacou a mobilização da enfermagem, se recusa a dar a carreira aos professores, dentre outras coisas. Também vem colocando membros da extrema direita no governo, como aliados do bolsonarista Anderson Ferreira, prefeito de Jaboatão e vem fortalecendo a política de Comunidades Terapêuticas em Pernambuco.
Aparentemente, nada disso parece ser um problema para o governo Lula selar alianças com a atual governadora. Em sua visita por Pernambuco, fez questão que a governadora fosse sua convidada de honra em um evento de lançamento do IFPE de Paulista. Além disso, contavam outras figuras como o prefeito João Campos, que apesar de seus inúmeros ataques aos trabalhadores, já está pleiteando o apoio do PT à reeleição.
Durante a apresentação de Raquel no evento, os estudantes vaiaram a governadora e perguntaram "Cadê a Merenda", em alusão à falta de merendas nas escolas estaduais e também cobraram a garantia do piso aos professores, que Raquel se nega a dar. Nesse momento, o presidente pegou o microfone e deu "bronca" nos estudantes por estarem criticando sua convidada e também foi criticado. O gesto foi igual ao que fez em março, quando a enfermagem em luta criticou Raquel.
Apesar de buscar se mostrar como quem veio para acabar com o bolsonarismo e a extrema direita, o governo Lula tem colocado figuras da extrema direita em seu governo e também feito alianças com governos direitistas como Raquel e Tarcísio (SP). Muitos acreditavam que sua eleição poderia ser o ponto de partida para uma luta contra a extrema direita, mas o exemplo de ontem mostra como, na prática, o governo se coloca frontalmente contra essa luta. Como nós do MRT viemos colocando há tempos, a conciliação de classes só fortalecerá a extrema direita e vimos inúmeros exemplos disso nos poucos meses do governo.
