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FRANÇA | França: Macron recua na idade mínima, mas mantém cortes de bilhões nas aposentadorias

Frente às persistentes greves de trabalhadores dos transportes na França, o governo francês de Emmanuel Macron retirou temporariamente o aumento da idade mínima de 62 para 64 anos, mas manteve os cortes de 12 bilhões nas aposentadorias.

quarta-feira 15 de janeiro de 2020 | Edição do dia

As manifestações e as greves na capital francesa ainda persistem. Atravessaram as festas de fim de ano, mesmo apesar das políticas das direções sindicais e de toda a pressão do governo e da mídia.

É o que se vê lendo nas entrelinhas, ou nem tanto entrelinhas assim, da carta que o governo, através do primeiro ministro Edouard Philippe, enviou às centrais sindicais: o objetivo do governo se mantém exatamente o mesmo. Ao mesmo tempo em que afirma a flexibilização “temporária" da idade mínima, reafirma 100% dos objetivos da reforma, tanto em seu sentido “sistêmico" como quanto aos “parâmetros”. Ou seja, até mesmo a aparência de ser uma "solução de meio termo", é no final das contas falsa.

Além disso, o governo mantém aquilo que chama de “idade de equilíbrio” no longo prazo, questão que é inerente ao sistema de "pontos", semelhante ao "fator previdenciário" que vigora no Brasil, e que continuaria aumentando com o tempo, em função da expectativa de vida.

Isso tudo mostra que a recepção que a CFDT e a parcela mais conciliadora da burocracia sindical deu ao anúncio de recuo do governo, que é bastante parcial e em grande medida apenas ilusório, é ela também interessada, porém não no sentido dos interesses dos trabalhadores e do povo francês em geral, e sim no interesse de entregar o movimento por mudanças cosméticas, num momento em que se anuncia a possibilidade de conquistar uma vitória histórica.

É que, se por um lado se trata de uma falsa concessão de Macron, ela mostra no entanto que o governo foi obrigado a fazer um gesto para as direções das centrais sindicais reformistas, para tentar dar a elas uma saída, oferecendo um “compromisso" sobre o método para cortar os mesmos 12 bilhões do sistema de aposentadoria.

Isso mostra que o quanto o governo está enfraquecido após 40 dias de greve consecutivos - o movimento grevista mais profundo ao menos desde 1995.
É o que mostram também as pesquisas de opinião que mostra a enorme queda de popularidade do governo desde o início do movimento.

Essa medida do governo, por mais enganosa que seja em seu conteúdo, mostra que eles estão em dificuldades, e indica que o momento é decisivo para generalizar a greve, que continua apesar de todas as manobras pelo alto entre o governo e as direções sindicais conciliadoras.

A questão mais imediata é generalizar a greve para conquistar a retirada total do projeto de lei sobre as aposentadorias.

Por tudo isso, o lema atual dos trabalhadores conscientes, e do povo que continua a apoiá-los majoritariamente, continua sendo: Greve até o final, até a vitória!




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