×

RECESSÃO | Economia mostra grande tendência recessiva, comércio e indústria apresentam queda

sexta-feira 5 de fevereiro de 2016 | 00:00

Comércio: maior queda desde 2002

A retração da atividade do comércio verificada em janeiro, de 9,6% na comparação com o mesmo mês de 2015, foi o recuo interanual mais intenso registrado desde abril de 2002, quando a queda foi de 11,2%, segundo números da Serasa Experian. Na comparação com dezembro, já feitos os ajustes sazonais, o declínio no comércio varejista ficou em 1,1%.

Os juros altos, o avanço do desemprego e a inflação elevada são fatores que pesaram para a piora do movimento no setor em 2015 e a perspectiva é que este cenário se mantenha em 2016. É importante lembrar que de 2002 para cá foi justamente o período em que a economia se manteve aquecida, especialmente pelo consumo através do crédito fácil e a sensação de pleno emprego, devido ao aumento do trabalho precário e rotativo.

Na abertura por segmentos, o de veículos, motos e peças foi o que teve a queda mais acentuada, de 20,4%, na comparação com janeiro de 2015. Nesta mesma base comparativa, aparecem em seguida tecidos, vestuário, calçados e acessórios (-15,3%), móveis, eletroeletrônicos e equipamentos de informática (-13,1%), supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (-6,7%) e material de construção (-2,4%). Apenas o setor de combustíveis e lubrificantes cresceu no período, com alta de 3,8%.

Apesar do recuo do indicar, três segmentos apresentaram melhora no ritmo da atividade do comércio: veículos, motos e peças (3,0%), móveis, eletroeletrônicos e equipamentos de informática (3,9%) e material de construção (4,3%). As quedas foram nos setores de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (-1,0%), combustíveis e lubrificantes (-0,2%) e tecidos, vestuário, calçados e acessórios (-0,4%).

Dessa forma, ao mesmo tempo em que registra a maior queda em relação a 2015, o setor de veículos também é o que teve o maior índice de melhora no ritmo da atividade. Ainda assim, é o setor que tem reduzido a produção e provocado demissões em massa, colocando centenas de trabalhadores na condição de desempregados.

O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, iniciado em janeiro de 2000, é construído exclusivamente pelo volume de consultas mensais realizadas por estabelecimentos comerciais à base de dados da Serasa Experian. A amostra é composta por cerca de 6 mil empresas comerciais.

Indústria: produção de veículos retorna a patamar de 2003

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirmou nesta quinta-feira, 4, que o ritmo de produção de veículos em janeiro deste ano foi semelhante ao patamar registrado em janeiro de 2003. "Estamos regredindo 13 anos", lamentou o executivo. Em janeiro foram produzidos 145.064 unidades, recuo de 29,3% em relação ao mesmo período de 2015.

Diante do menor ritmo de produção, o estoque total de veículos nos pátios das concessionárias e das montadoras caiu de 271,1 mil unidades em dezembro do ano passado para 254,3 mil em janeiro deste ano.

Com a queda, o estoque era, em janeiro, suficiente para 49 dias de vendas, ante 52 dias em dezembro (considerando o ritmo de vendas de janeiro). O número, contudo, permanece acima do patamar considerado ideal pela patronal, com estoques equivalentes a 30 dias de vendas.

Lay-off , PPE e demissões: ataques dos patrões a classe trabalhadora

Aproveitando-se da redução no ritmo de produção das fábricas, as patronais mantém empregados em condição de lay-off. Segundo Moan, as montadoras contam hoje com 6,3 mil empregados em lay-off, enquanto outros 35,6 mil estão cadastrados no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), do governo federal.

Na soma, são 41,9 mil trabalhadores incluídos em algum tipo de mecanismo para evitar demissões. O número representa um quarto do total dos 129.397 trabalhadores empregados na indústria automotiva brasileira. Sem contar as centenas de demissões que ocorreram e seguem ocorrendo apesar desses programas, que só protegem
“”os patrões.

Desta forma, os patrões, junto aos governos e em muitos casos com a conivência de centrais sindicais como a CUT e CTB, que propuseram o PPE, descarregam nos trabalhadores a crise dos capitalistas. Além disso, pouco se diz, mas o recuo na produção está longe de significar que os patrões reduziram seus lucros no último período devido à queda de vendas. Ao contrário, os lucros em muitos casos foram exorbitantes.

Com informações da Agência Estado




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias