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CRISE ECONÔMICA | Banco Central prevê aumento da inadimplência

sexta-feira 2 de outubro de 2015 | 00:00

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, salientou que os índices de inadimplência poderão sofrer "alguma pressão" no segundo semestre, a depender das condições econômicas, conforme sugerem os dados antecedentes sobre esse tema. Não se sabe como um diretor do Banco Central não sabe quais são as condições econômicas, é evidente pela combinação de aumento de desemprego, diminuição dos salários e aumento da inflação que a população terá maior dificuldade em honrar suas dívidas.

Mesmo assim, de acordo com ele, o nível de calote deverá se situar em patamares historicamente confortáveis.

A manutenção da inadimplência atual em níveis razoáveis e índices baixos estão associados a algumas razões, conforme o diretor. Um deles é que os bancos vinham optando por conceder créditos mais seguros, como nos segmentos imobiliário e consignado. Assim, o volume de provisões está acima do total de inadimplência. Outra razão é que há um movimento de renegociações e de cessão para fora do sistema financeiro para créditos inadimplentes. Na sua avaliação, "o colchão é capaz de suportar aumento da inadimplência".

Ou seja, o sistema financeiro estaria bem porque ele não concedia muito crédito mesmo e quem precisasse corria para fora dele, para os agiotas.

Meirelles acrescentou que foi constatado um aumento do porcentual de endividamento de pessoa jurídica (PJ) no mercado externo no primeiro semestre deste ano, mas não em função de novas operações, e sim por causa da alta do dólar. O diretor enfatizou também que, geralmente, são grandes empresas que tomam recursos no exterior e que muitas vezes há uma proteção natural proveniente do próprio negócio principal da companhia. "Da dívida em moeda estrangeira, há um hedge natural ou financeiro", afirmou durante entrevista coletiva à imprensa para detalhar o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quinta-feira, 01.

Quem guardou alguma poupança nos últimos anos está sacando

O diretor de Fiscalização afirmou também haver evidências de que boa parte dos saques de poupança registrados desde o início do ano é proveniente de um grupo considerado como "novos investidores", que tinham escolhido a caderneta no passado como uma forma de aplicação em um momento de maior rentabilidade desta aplicação. Esse é um dos componentes que fazem parte do Índice de Liquidez Estrutural (ILE), que passou a ser publicado hoje no REF.

"Os saques recentes da poupança não mudam sua perspectiva de que se trata de um funding bastante estável", afirmou o diretor. "O depósito de poupança é estável tradicionalmente. Mesmo quando há migração, o depósito de poupança - mais a rentabilidade - tem estabilidade grande historicamente, mesmo em momentos de alta de juros. É muito estável", argumentou.

Traduzindo o economiquês

As grandes empresas, segundo o BC, estão mais endividadas mas conseguem pelos seus negócios honrar suas dívidas.

As pessoas que tinham pela primeira vez alguma poupança sacaram para pagar suas dívidas, e o endividamento só não é maior porque os bancos já estavam estrangulando o crédito para os trabalhadores.

Ou seja, tudo estaria bem, porque as empresas, segundo ele, podem se manter, e setores populares estão corroendo o que guardaram para honrar suas contas no dia-a-dia.

Em um país onde não é raro o uso de cartão de crédito para fazer compras de supermercado a posição de classe do diretor do BC denuncia como sua visão da economia só vê empresas e não as pessoas. Mesmo desde um ângulo capitalista, salvo se o “projeto de país” for de um agro-exportador com sua população empobrecida, exige-se uma população que consuma. Esta não parece ser sua preocupação. Desde que os números das empresas pareçam bem estaria tudo bem.

Esquerda Diário / Agência Estado




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