Foto: Michel Sanderi / Prefeitura de Passo Fundo / CP

Foram pelo menos 51 cidades atingidas no Rio Grande do Sul, especialmente as da região do Vale do Taquari. As cenas são desoladoras: correnteza de água nas ruas destruindo carros e casas, pessoas subindo nos telhados de suas casas para escapar da inundação, chuva destruindo pontes e derrubando árvores. Esse novo ciclone é o terceiro no estado ocorridos nos últimos 3 meses e supera, em níveis de mortes, o ciclone que ocorreu em Julho, que afetou principalmente a região metropolitana de Porto Alegre, deixando 16 mortos e milhares desabrigados.

O que esses ciclones têm em comum é o fato de atingirem principalmente regiões com menos infraestrutura, como vilas e comunidades, principalmente nas regiões afastadas da capital. Em Mato Castelhano, um homem morreu após a caminhonete em que ele estava ser levada pela correnteza de água, em Passo Fundo, um homem morreu após ter sido eletrocutado com um cabo rompido durante o temporal, da mesma forma como vitimou um homem em Estrela.

O ciclone extratropical se caracteriza por ser uma área de menor pressão atmosférica em relação ao ambiente do seu entorno, por isso, fenômenos que provocam o aumento da temperatura das águas do oceano como o El Niño ou o aumento das temperaturas pelo aquecimento global podem aumentar a formação de tais eventos. Dessa forma, esses ciclones ocasionam a formação de nuvens, chuvas, ventos fortes e queda na temperatura por onde passam.

Esses eventos possuem um potencial tão catastrófico justamente porque atingem regiões mais vulneráveis, com baixa estrutura, o que evidencia a responsabilidade do estado e desse sistema capitalista que empurra os trabalhadores, sobretudo os mais empobrecidos para viver sob condições precárias, ficando vulneráveis a enchentes, chuvas e ciclones. São justamente as famílias trabalhadoras que tem todos seus pertences destruídos pela chuva, que veem a vida de seus amigos e parentes sendo levadas por conta da irracionalidade desse sistema desigual, o qual os governadores, como Eduardo Leite, são cúmplices, ao saberem das condições precárias de moradia vulneráveis a eventos climáticos como esse, e lavarem suas mãos enquanto pioram a vida da população, como no caso do atual governo que avança na terceirização e precarização do SAMU.

Nós do esquerda diário nos solidarizamos com os familiares e amigos das vítimas e dizemos: é necessário prestar toda a assistência às vítimas dos ciclones, com o Estado prestando indenização a todos os atingidos, bem como lutar por uma reforma urbana radical em todas as cidades, fornecendo a infraestrutura adequada a todos. Frente a esse cenário absurdo, é preciso combater esse sistema irracional que produz a degradação da natureza e das condições de vida e que tornam esses eventos climáticos cada vez mais frequentes. Não é um desastre natural, é o capitalismo.