A denúncia foi publicada por um estudante na página UnB Paquera, gerando raiva e comoção entre os alunos. É possível ver vários comentários no post de solidariedade, além de denúncias da sobrecarga exaustiva de trabalho, que as terceirizadas ficam horas e horas em pé servindo comida mesmo com fome.

Via: UnBPaquera

Um ex-funcionário demitido do RU comentou: "Vocês não viram foi nada... Quando eu trabalhava lá, fui demitido por pedir mudança de horário para poder estudar. Inclusive, era o que ajudava a Maria na catraca 05. Se forem fazer algo, contem comigo". Esse é o retrato da precarização do trabalho gerado pela terceirização, em especial de mulheres negras, com as empresas lucrando aos montes às custas dos trabalhadores e entregando um serviço de má qualidade. É essa situação de constante assédio moral, falta de EPIs, demissões injustificadas, diante de um quadro reduzido de funcionários que gera as filas gigantescas nos horários de pico, prejudicando os estudantes e sobrecarregando imensamente os terceirizados.

Por sua vez, a Reitoria é diretamente responsável por isso. É ela quem promove o contrato com essas empresas, e não apenas no RU, mas em toda UnB, como na portaria - onde as terceirizadas nem sequer possuem direito à horário de almoço - e na limpeza - em que uma terceirizada morreu na pandemia de COVID pelo descaso da empresa e da Reitoria. É ela quem diz combater o bolsonarismo, mas convida o racista vice-presidente Geraldo Alckmin para palestras, um dos responsáveis, junto de todo o governo Lula, de manter as reformas neoliberais de Temer e Bolsonaro, como a Lei da Terceirização Irrestrita e a Reforma Trabalhista. É ela quem diz defender a UnB, mas mantêm uma das melhores universidades do país produzindo ciência e tecnologia para o agronegócio ecocida e promove parcerias com o Estado genocida de Israel, que assassina o povo palestino. É ela quem tira o direito de jovens trabalhadores negros terceirizados de poderem ter um estudo de qualidade por conta do filtro elitista e racista do vestibular. Essas coisas não estão desligadas. A Reitoria não é aliada dos terceirizados, nem dos estudantes.

Por isso, nós da Faísca Revolucionária nos colocamos inteiramente à disposição dos trabalhadores terceirizados do RU e de toda UnB, e estamos dispostos a receber denúncias dessas arbitrariedades para publicarmos, inclusive de forma anônima, aqui no Esquerda Diário. Nesse mesmo sentido, somos parte de construir o Manifesto contra a terceirização e o trabalho precário na UnB, em diversas universidades e locais de trabalho pelo país, que conta com mais de 2 mil assinaturas de sindicatos, ativistas e intelectuais. Fazemos um chamado ao DCE, aos CAs, movimentos e correntes políticas da UnB a assinarem e ser parte de construir esse Manifesto!

Exigimos a imediata readmissão da terceirizada demitida, bem como a redução do preço do RU e a efetivação de todes terceirizadas e terceirizados sem necessidade de concurso público, de forma a incluí-los ao quadro de funcionários efetivos da UnB, com plenos direitos, acabando com a terceirização. Sigamos o exemplo da forte greve dos estudantes da USP e Unicamp contra a precarização da educação pública para arrancarmos nossas demandas, ao lado dos trabalhadores, sem nenhuma confiança na Reitoria e nos governos. Nos somamos ao chamado do ato que acontecerá amanhã, 12h, em frente ao RU, e propomos à gestão do DCE a construção de uma assembleia geral dos estudantes para seguirmos a luta pela readmissão imediata da terceirizada demitida, pautando também a situação de precarização de nossas universidade e como combatê-la.