quinta-feira 1º de setembro de 2016 | Edição do dia
Na última quarta-feira (31), consumado o golpe institucional, Rafael Correa, presidente do Equador, anunciou em seu Twitter a retirada de seu representante da embaixada brasileira e classificou o golpe como “uma apologia ao abuso e à traição”, afirmando que jamais reconhecerá os destituintes de Dilma. Evo Morales da Bolívia já havia comunicado essa mesma medida pela manhã. Segundo ele, a convocação de seu embaixador tem o intuito de “assumir as medidas aconselháveis para este momento”.
Por sua vez, o governo venezuelano emitiu um comunicado em seu site, no qual, “em resguardo da legalidade internacional e solidária ao povo do Brasil”, declara a retirada de seu embaixador e o congelamento das relações políticas e diplomáticas com o governo golpista (segundo seus termos, “governo surgido a partir deste golpe parlamentar”).
Já o governo cubano manteve seu embaixador, mas declarou que “rejeita energicamente o golpe de estado parlamentar-judicial” consumado.
Resposta do governo golpista
Em nota, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, comandado por José Serra (PSDB), lamenta os anúncios do Equador, da Bolívia e de Cuba e considera as medidas e posições “expressões equivocadas que ignoram os fundamentos de um Estado democrático de direito, como o que vige de maneira plena no Brasil”. Além disso, realiza um chamado às autoridades desses países a “manterem a serenidade e a respeitarem os princípios e valores que regem as relações entre as nações latino-americanas”.
Em relação à Venezuela, em outra nota, o Itamaraty “repudiou os termos do comunicado emitido”, o qual “revela profundo desconhecimento da Constituição e das leis do Brasil e nega frontalmente os princípios e objetivos da integração latino-americana”.
Nessa situação, o Ministério decidiu convocar o embaixador em Caracas “para consultas”. Segundo fonte no Ministério, de acordo com decisão de Serra, o governo golpista também convocará os embaixadores no Equador e na Bolívia.
Portanto, golpe institucional no Brasil já começa a acarretar importantes divisões geopolíticas no subcontinente.
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