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ESTADO ESPANHOL | Pablo Iglesias se reúne com Pedro Sánchez: insiste em um “governo de progresso”

A 101 dias das eleições de 20 de dezembro, Pablo Iglesias e Pablo Sánchez, do PSOE, voltam a se reunir hoje. Iglesias insistirá num “governo de progresso”.

quinta-feira 31 de março de 2016 | Edição do dia

Pouco avançaram os partidos espanhóis nestes 100 dias de negociações pela investidura. O caminho para a repetição de eleições em junho já está em marcha.
Ainda assim, nesta quarta-feira, os dirigentes máximos do Podemos e do PSOE voltaram a se encontrar para por sobre a mesa suas condições para a formação do governo.

Pablo Iglesias insistirá num “governo à valenciana”, seguindo o exemplo do executivo de Valência, onde pactuaram o PSOE e o Compromís, apoiado desde fora pelo Podemos.

Segundo comentário do “número dois” do Podemos, Íñigo Errejón, numa coletiva de imprensa (depois de mais de 10 dias em completo silêncio midiático devido à crise no Podemos), foram realizadas previamente reuniões “discretas” com os socialistas [PSOE] para preparar esta reunião bilateral, e esperam avanços.

“Nas conversas prévias, percebemos vontade sincera e clara para percorrer até o final a única via que pode levar a um governo de mudança”, assegurou Errejón.
Ainda assim, Sánchez reiterou que o pacto com Ciudadanos e suas “200 medidas” são condição sine qua non para qualquer acordo de governo. Desta posição, abriu a possibilidade de um governo do PSOE integrado tanto pelo Ciudadanos quanto pelo Podemos, uma opção muito pouco provável.

Quando perguntaram a Errejón sobre a possibilidade de um governo “trílogo” de PSOE, Ciudadanos e Podemos, suas respostas foram ambíguas, negando-se a “dar por fechada” qualquer opção: “Há que se fazer um exercício de miscigenação. Se há vontade política, podemos chegar a um acordo para um governo de mudança plural.” “No acordo possível não sobra nada [...]. Talvez [Albert] Rivera e o Ciudadanos decidam que querem formar parte desse acordo e querem dar-lhe uma oportunidade. Espero que discutam isso. Essa quarta-feira, manifestaremos que a única opção de mudança é um governo de coalizão”.

Trata-se de “ficar bem” com o típico eleitor do PSOE e não de uma possibilidade real de um acordo com o PSOE e o Ciudadanos? Ou Podemos está disposto a ir ainda mais à direita em sua própria política, se é que isso é possível?

A crise no Podemos postergada para adiante

Depois de quase duas semanas de silêncio, que já tinha gerado todo tipo de especulações, Errejón reapareceu diante da mídia. As perguntas dos jornalistas se voltaram a obter declarações sobre a crise do Podemos e sua opinião sobre a destituição de Sergio Pascual por Pablo Iglesias.

“É óbvio que não compartilho. Não compartilho de todas as decisões do meu secretário geral”, disse.

O número dois do Podemos se referiu de forma oblíqua às diferenças existentes e os debates pendentes sobre a forma de organização da formação: “O Podemos terá que se adaptar às novas tarefas. A máquina de guerra eleitoral que adotamos, com enorme êxito, é um modelo organizativo que gera tensões e custos, como todos, e, ao estar projetado para um ciclo curto, deve reconverter-se para enfrentar o ciclo político seguinte”.

Neste fim de semana se reunirá o conselho cidadão estatal, órgão máximo de direção do Podemos. Ali se encontrarão “errejonistas” e “pablistas” (seguidores de Errejón e Pablo, respectivamente). Estes últimos numa aliança tática com o setor de “anticapitalistas”, encabeçado pelo eurodeputado Miguel Urbán e a secretária geral andaluza, Teresa Rodríguez. O conselho cidadão deverá ratificar a nomeação de Pablo Echenique como novo secretário de organização, até agora designado “a dedo” por Iglesias.

Tudo parece indicar que as diferentes alas do partido chegaram a uma “trégua” instável para seguir o curso da campanha eleitoral sem avançar em maiores fraturas. Desse modo, poderiam postergar para adiante uma crise que não está resolvida.
Ainda que a ala “errejonista” pareça mais disposta a pactos “pragmáticos”, sem linhas vermelhas de nenhum tipo, não aparecem por agora grandes divergências políticas e estratégicas: todos concordam em propor um governo “de mudança” aos social-liberais do PSOE, abandonando pelo caminho demandas sociais fundamentais e apostando num programa de tímidas respostas cosméticas.

Tradução: Seiji Seron

Texto original aqui.




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