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CRISE NO COMÈRCIO | Comércios ao redor de Montadoras no ABC têm grande queda nas vendas

segunda-feira 19 de outubro de 2015 | 23:30

A crise – que segundo as montadoras – levou às indústrias automobilísticas a adotarem o PPE (Programa de Proteção ao Emprego) e outros instrumentos para diminuir a produção e reter custos, afetou não só a vida dos operários (com redução de salário e jornada de trabalho), mas também os comerciantes que trabalham ao redor dessas indústrias na região do ABC.

Ambulantes, farmácias, padarias, restaurantes, lanchonetes que vendem e comercializam seus produtos nos arredores nas fábricas tiveram queda de lucratividade de 80% este ano, devido as empresas Volkswagen, Ford e Mercedes-Benz, terem adotado recentemente o PPE em suas fábricas. São 24,4 mil trabalhadores incluídos e que tiveram a redução de 20% na jornada e 10% nos salários (as três empresas pagam cerca de 20% a menos, sendo metade dessa redução paga com recursos da FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador). Outros 4.320 estavam em Lay-Off (suspensos temporariamente). A General Motors, há poucos dias deixou de operar no segundo turno, passou a ter apenas o turno das 6hrs às 15hrs. Sem contar com as altas taxas de desemprego na região, foram demitidos 21,8 mil empregos neste ano, sendo grande parte nas montadoras.

Os impactos refletidos nos comerciantes da região são muito expressivos, é o caso dos autônomos que têm barracas próximas da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo. Como os operários estão trabalhando um dia a menos na semana e tiveram reduções expressivas de seus salários, os negócios dos ambulantes caíram abruptamente. Segundo entrevista concedida ao Diário do Grande ABC, Márcio Rogério Vaz – vendedor de capas de celular há 23 anos no local e que se assustou ao se deparar com queda de 80% em suas vendas – afirmou “É a pior época desde que eu estou aqui!”. O ambulante viu diversos colegas “quebrarem”, sendo notória a grande quantidade de espaços vazios no local (antes ocupados por barracas). Outro ambulante, Alex dos Santos, que vende pilhas e eletrônicos, também disse ao Diário do Grande ABC, “Hoje (quinta-feira, dia normal na fábrica) ainda não atendi ninguém” Isso às 15h, hora de saída do pessoal do turno da manhã. “Já vi várias crises, de 1995, de 1998, mas acho que essa é a pior”.

A redução de jornada dos funcionários da Volkswagen junto com a crise econômica também afetou todo o comércio na Avenida Maria Servidei Demarchi (avenida principal próximo à fábrica da Volkswagen). Nelson Morassi (sócio do tradicional Restaurante São Francisco) disse ao Diário do Grande ABC, após relatar a falta de clientes, “A gente percebe que as pessoas estão segurando os gastos, porque não têm garantia futura de que vão seguir empregadas”.

Os dados apresentados pela reportagem do Diário do Grande ABC não deixa dúvidas: a resposta dada pela CUT para enfrentar a crise econômica que nosso país enfrenta leva a aumento estrutural da mesma em diversos estratos sociais, e não serve como alternativa à crise e sim a aprofunda. Além dos operários das indústrias, que como já dito sofrem diretamente com os efeitos nefastos da política do PPE, setores que dependem diretamente dessa renda se vêem afetados e em situação de risco.


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Economia



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