×

BELICISMO IMPERIALISTA | Alemanha soma-se ao carro bélico da França

Desde os atentados de Paris, o presidente francês François Hollande vem pedindo que outros estados sigam sua escalada militar na Síria. Angela Merkel reuniu-se com Hollande nessa quarta-feira, 25, para prometer-lhe mais "compromisso" e "responsabilidade".

sábado 28 de novembro de 2015 | 01:32

"O Estado Islâmico combate-se com métodos militares" Essa foi uma das afirmações chave da chanceller alemã nessa quarta. Na manhã participou do debate geral sobre o orçamento de 2016 no Parlamento. Ali antecipou que a frança poderá contar com mais compromisso por parte de seus aliados alemães.

Poucas horas depois encontrou-se com François Hollande em Paris aonde o presidente francês reiterou seu pedido de apoio militar da Alemanha. " Se a Alemanha puder ir mais além [do seu compromisso atual], seria um sinal muito bem vindo". Isso se dá no marco de uma campanha por uma grande coalizão anti-EI do governo francês. Na terça Hollande reuniu-se com o presidente norte americano Barack Obama e na Quinta com o presidente russo Vladimir Putin. Ainda que a derrubada de um avião russo por parte da Turquia deu um primeiro revés a esses planos, segue ofensivamente com sua política belicista.

E Merkel respondeu: "Vamos estar ao lado da França". A frase antes citada demonstra claramente para qual direção caminha a situação. É coisa do passado o tempo que o governo alemão se mantinha relativamente distante dos focos mais críticos, só enviando armamento ou treinado e intervindo em regiões da África menos arriscadas.

Esse giro belicista Do governo alemão é um forte apoio político a França e uma mensagem calara ao resto dos países imperialistas, como o Estado espanhol ou o Reino Unido, que também anunciaram medidas militaristas.

São várias as medidas propostas pela Ministra da Defesa Úrsula Von Der Leyen (CDU). Primeiro está a de aumentar as tropas no Mali, que recentemente atravessou uma tomada de reféns em um hotel na capital, Bamako, onde morreram mais de 20 pessoas. A Alemanha já tem 208 soldados no país africano e o aumento será de até 650 para liberar o exército francês.

A intervenção da Alemanha como parte da coalizão anti-EI dirigida pelos EUA até agora limitou-se a instrução dos peshmergas Curdos e o armamento de suas tropas. Atualmente encontram-se 100 soldados estacionados no norte da do Iraque com essa tarefa. Segundo os planos do governo, em breve serão mais 50 soldados.

Como medidas de apoio ao exército francês, a Alemanha colocará a disposição um avião-enfermaria e enviará um satélite do exército sobre a Síria para a exploração das tropas inimigas do EI. A fragata "Hamburgo" da marinha federal escoltará o porta-aviões francês "Charles de Gaulle".

Mas além dessas medidas de apoio a seus aliados, o que realmente constitui um salto é a ingerência direta na guerra civil síria através dos aviões de reconhecimento "tornado" que já forma utilizados na intervenção militar da OTAN nos Balcãs e na guerra do Afeganistão. Esses aviões podem detectar posições inimigas, interferir em posições de defesa anti-aérea e inclusive atacá-los se portam bombas.

Tendo em conta que a casta política de conjunto concorda com o que disse Merkel - Que só há uma solução militar para os avanços do EI e uma escalada militar internacional da qual a Alemanha agora faz parte -, tudo caminha na direção de um maior compromisso belicista da Alemanha, que não se deterá nas medidas aprovadas agora.

Nos últimos anos, a posição de "tomar mais responsabilidade no mundo" ganhou maior peso na classe dominante. Atualmente, o exército alemão está intervindo em dez países: Kosovo, Mali, Afeganistão, Líbano, Iraque, Turquia, Saara Ocidental, Sudão, Sudão do sul e Somália. Mas isso não basta ao imperialismo alemão, que aspira a submeter regiões mais distantes de sua periferia no Leste e Sul da Europa. Para isso terá necessariamente que intervir mais diretamente em conflitos geopolíticos como o da Síria e envolver-se mais, o que ao mesmo tempo aumenta os possíveis riscos.

A ameaça de ataques terroristas contra a população da Alemanha pelo EI aumentará proporcionalmente a uma maior intervenção militar do exército alemão. São "suas guerras", por interesses alheios ao do povo trabalhador, as que semeiam as causas profundas tanto da migração de milhões de pessoas como do terror reacionário do EI. Mas serão as "nossas vítimas" as que sofrerão as consequências da matança imperialista.

Muitos na Alemanha sentem medo de perder um dos seus. A esquerda revolucionária que, em 19 de novembro, junto a milhares de jovens solidarizou-se com os refugiados e marchou contra o racismo do estado e dos movimentos de extrema-direita, tem que buscar os caminhos para transformar esse medo em um movimento contra o racismo, a direita, as deportações aos refugiados e a guerra imperialista. Para isso também terá que enfrentar as restrições as liberdades democráticas e a repressão policial. Mas é a luta contra nosso próprio governo imperialista, a partir de uma perspectiva internacionalista e de classe, é a única forma de impedir mais mortes desnecessárias, tanto no Oriente Médio como na Europa.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias