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AUMENTO DAS PASSAGENS | Alckmin quer separar metroviários da luta da juventude

Neste dia 8 de janeiro, o ato contra o aumento das tarifas recebeu uma "estratégia" do Metrô, onde seu altos escalões subservientes ao Governo tucano, retiraram os funcionários da segurança de sua função nas estações para irem à manifestação disfarçados, no intuito de espionar os manifestantes. Tudo é justificado aos funcionários com a desculpa de que seria para precaver burlas nas catracas e conflitos nas estações.

domingo 10 de janeiro de 2016 | 00:00

O Metrô e Governo colocando trabalhadores contra a luta contra o aumento do passe

Todos sabem que o Metrô carece de funcionários para sua operação plena todos os dias, mas é nos atos contra o Governo tucano que a direção desta empresa expõe seus funcionários nas "estratégias". Esse é um claro desvio da função dos Seguranças do Metrô, que zelam pela segurança dos usuários de transporte dentro do sistema e que em dias normais são inclusive penalizados se saem de sua "jurisdição" demarcada com uma faixa branca no entorno das estações.

O Metrô está tentando conformar uma função policialesca aos Seguranças, a fim de separá-los dos demais trabalhadores e da população. Além de ser irregular, essa política atenta contra a integridade destes trabalhadores, que não são policiais. Essa medida também atenta contra a integridade dos usuários do sistema de transporte que, enquanto o governo retira estes funcionários para esta função, ficam com menos funcionários operativos para serem atendidos dentro das dependências do Metrô em casos de assédio, mal súbito etc.

"É como se a prefeitura decidisse retirar os cobradores dos ônibus para ir fazer a cobrança do imposto de renda", disse um funcionário que participou dessa "estratégia" ao Esquerda Diário.

Metrô coloca Seguranças e estudantes em conflito na Estação da Sé

Outro caso foi no dia 21 de dezembro do ano passado, quando os estudantes secundaristas que ocuparam as escolas promoveram uma manifestação na Praça da Sé. Ao final da manifestação estudantes pularam as catracas, e, apesar da polícia estar no local com a força tática e a tropa de choque, o Governo do Estado montou, através do Metrô, uma "estratégia" operacional para que os Seguranças reprimissem os estudantes. As lamentáveis cenas, divulgadas na internet [https://www.youtube.com/watch?v=TtyTiQVNi8U], mostram diversos Seguranças agredindo e expulsando violentamente os estudantes. Sendo assim, a polícia militar ficou de coadjuvante, aguardando a ação dos Seguranças do Metrô.

Os estudantes ocuparam escolas e derrotaram Alckmin em sua política de "reorganização" escolar, que na prática precarizaria ainda mais o ensino deixando milhares sem escola. Esse movimento contou e conta com o apoio massivo da população, figuras famosas e artistas. Foi uma "divisão de tarefas" consciente por parte do Governo: transformar parte dos metroviários em repressores dos protestos, colocando os Seguranças e todos os trabalhadores do Metrô sob risco e com péssima imagem diante da população.

E quando os protestos favorecem ao PSDB?

Nos dois últimos protestos que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff, convocados publicamente pelo PSDB, Aécio Neves e Alckmin, o Metrô de SP emitiu nota interna obrigando que diversos funcionários convocados fizessem hora extra em plantões de trabalho para garantir o atendimento aos manifestantes nas estações da Av. Paulista e outras estações de grande porte e visibilidade.

Além disso, diante de uma aglomeração na estação Trianon-Masp as catracas foram liberadas para que os manifestantes entrassem no Metrô sem pagar. Nem a polícia nem o Metrô estavam arremessando os seguranças com cassetetes contra estes "vândalos" que ingressavam no sistema sem pagar passagem. Dois pesos e duas medidas por parte do Governo e da direção do Metrô-SP.

Repressão à greve dos metroviários, o papel dos seguranças em Ana Rosa e divisão entre os trabalhadores que lutam

A greve dos metroviários de 2014 foi conhecida como a greve que ameaçou a Copa do Mundo. O perigo para o Governador Geraldo Alckmin não foi pequeno. O papel que os Seguranças do Metrô tiveram como vanguarda desta greve foi histórica. Os Seguranças foram grande parte dos trabalhadores que ocuparam a Estação Ana Rosa contra a operação fura-greve do Metrô e contra a tropa de choque da Polícia Militar [https://www.youtube.com/watch?v=pCyQNFUTK_s].

Este episódio recuperou a história de luta deste setor de metroviários que foram vanguarda na greve de 1988. Naquela data, a luta foi contra a instalação da Polícia Militar dentro do Metrô, assegurando que neste meio de transporte se mantivesse um corpo próprio de Segurança que não a Polícia Militar.

Depois da resistência dos Seguranças em Ana Rosa, o Metrô pratica retaliação até hoje contra estes trabalhadores, trocando seus postos de trabalho a cada três meses.

A precarização do transporte tem sido tão alarmante quanto o aumento abusivo de passagens. Particularmente no Metrô de SP, Geraldo Alckmin proibiu novas contratações, as cabines de recarga do Bilhete Único foram retiradas e os funcionários estão trabalhando com uma enorme sobrecarga para fazer o sistema de transporte funcionar.

Cotidianamente muitos conflitos ocorrem dentro do Metrô superlotado, gerando risco para a população e para os funcionários que fazem o Metrô funcionar. O Metrô tem destacado a Segurança para atuar contra o comércio irregular enquanto deixam estes trabalhadores em postos de trabalho sozinhos em situação de risco iminente à população e aos próprios trabalhadores. Um outro desvio de função que tem gerado mais conflitos.

É o caso das transferências com a Linha 4 Amarela onde a negligência do governo cria situações de risco ou estações como São Bento, onde nos dias de festa o acesso para a rua 25 de março se transforma em um conglomerado desumano.

Essa situação motivou, em abril, toda uma base de cerca de 40 seguranças da Linha 1 Azul a se recusarem a assumir o posto de trabalho sem o quadro de funcionários necessário.

O Metrô tem utilizado estes conflitos e a enorme precarização para colocar metroviários contra a população e contra os diversos protestos, bolando "estratégias" repressivas. As ações diretas dos trabalhadores contra a empresa e a politica de precarização e privatização do governo são as respostas que devemos esperar dos metroviários e do seu Sindicato. Só assim, a luta contra o aumento do transporte pode dar um salto, e juntamente a isso conquistarmos melhorias na vida dos trabalhadores do transporte e dos usuários.

Metroviários não são agentes do governo

O Sindicato dos Metroviários deve lançar uma campanha que diga claramente à população que os metroviários não são agentes do governo. A partir desta campanha, orientar que todos os trabalhadores da segurança se recusem a fazer papel de polícia e pelo fim da existência destas "estratégicas", contestando-as inclusive na justiça.

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Metrô já vem atuando no sentido da desobrigação de atuação dos funcionários na fiscalização e abordagem no caso de burlas nas catracas diariamente. Hoje, pelo procedimento da empresa os metroviários são obrigados a abordar e "dissuadir" quem tenta passar por baixo ou pular as catracas. Com o aumento absurdo das passagens, mais e mais pessoas são impedidas de pagar e o Metrô treina seus funcionários a entrarem em uma situação de conflito, gerando diversas agressões.

O Sindicato dos Metroviários tem organizado a luta contra o aumento das passagens, esperamos que seja neste sentido que os diversos movimentos sociais caminhe aproximando a que esses trabalhadores fundamentais para o transporte consigam eliminar o obstáculo que o governador Geraldo Alckmin tem colocado para que ingressem integralmente na luta junto com a juventude.




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