Ontem o Vão do MASP (Museu de Arte de São Paulo), no centro-sul da capital paulista, foi local de um ato clamando por justiça por Carol, assim como pelo fim da lesbofobia e misoginia, fenômenos dos quais o Estado é responsável, ao mesmo tempo que está matando e execrando as mulheres e os LGBTs por meio de seu braço armado: a polícia. O ato juntou diversas pessoas e foi recheado de faixas e cartazes com fortes mensagens pelo fim do lesbocídio. “Quem matou Ana Caroline?”, “Basta de lesbocídios! Arrancar justiça para Carol com a nossa mobilização: o Estado é responsável”, “Qual o preço de ser uma lésbica visível?” e “Podia ser eu” são alguns dos cartazes que os manifestantes levantavam com força no fim do dia 18, da Avenida Paulista à Praça Roosevelt, parando o trânsito da cidade para fazer com que todos ouçam esse duro grito no peito contra a violência sistêmica e fruto do capitalismo. O ato também foi carregado de memória, não só a Ana mas a tantas outras lésbicas assassinadas simplesmente por serem quem são e por omissão culposa do Estado: Luana, Priscila, Emily e tantas outras também foram lembradas e comemoradas por justiça, e para fazer lembrar do que o sistema quer esquecer e desintegrar: a memória e a vida dos setores oprimidos, das mulheres, das lésbicas e dos sujeitos que desafiam as formas degradantes da miséria do possível.

Hoje na capital potiguar, Natal, ainda ocorrerá uma reunião on-line às 17 horas para organizar um forte ato por justiça por Carol. Diversos coletivos feministas, lésbicos e LGBTs estão levantando essa luta. Em Florianópolis também está sendo puxado um ato por justiça à jovem maranhense, nesta quarta-feira dia 20 às 17 horas, no Largo da Catedral, bem no centro da cidade. É importante fazer um chamado aos habitantes de ambas capitais e arredores para somar nessas mobilizações tão importantes.

A luta pelo fim da opressão de gênero e sexual tem um recorte fundamental, o berço da luta pelo fim dessas opressões é também a luta pela classe trabalhadora no nosso país. São milhões de mulheres que sofrem ataques cotidianamente, e que são reprimidas sexualmente e fisicamente dentro de casa por violência doméstica e fora de casa ao trabalho ou nos espaços públicos múltiplos a fora. A lesbofobia é uma violência de classe também, contra as mesmas mulheres estranguladas por uma extensa e dupla jornada de trabalho e vulneráveis a um ódio misógino e homofóbico cultivado pelas relações de poder do capitalismo, que demarca como parte do controle da vida e dos sujeitos uma política de morte a esses sujeitos oprimidos da classe trabalhadora. É com a insurreição e as lutas auto organizadas dos trabalhadores que poderemos alcançar grandes conquistas políticas pela liberdade sexual da população, o fim da exploração feminina e das opressões aos setores oprimidos. Quantas dessas mulheres lésbicas assassinadas não eram trabalhadoras, de periferia e também negras? As demarcações sociais da luta contra a opressão estão intimamente conectadas com a luta dos sujeitos da classe trabalhadora, em constante ataque por meio de violências de gênero e sexualidade e de degradação das condições de trabalho e de vida da população.

As centrais sindicais e as direções estudantis, junto com os coletivos de mulheres e coletivos LGBTs, devem se organizar para promover uma forte luta pela base por justiça e por combate contra a brutalidade e a violência do sistema capitalista. E que homens e mulheres, ombro a ombro, lutem para combater o machismo, a homofobia, a lesbofobia e a misoginia. Fatores esses que são da raiz do fortalecimento da extrema direita no Brasil, e que é necessário varrer por meio da auto organização da classe trabalhadora lado a lado com a população, por um outro caminho que não o da conciliação de classes, que serve para fortalecer essas violências sociais e emergir o discurso de ódio, como faz o governo Lula-Alckmin garantindo ministérios para o Republicanos, partido do reacionário governador Tarcísio de Freitas. É preciso fazer uma real luta pela educação sexual nas escolas, contra a reforma do Novo Ensino Médio, que mina o pensamento crítico-reflexivo, e não confiar no Governo Lula que implementou o RG transfóbico, que foi ideia do Governo Bolsonaro. As direções estudantis e as centrais sindicais, como a CUT, CTB e UNE, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, portanto, devem confiar na força da auto organização e lutar por uma alternativa à manutenção da ordem e das raízes fundamentais de opressão na sociedade brasileira. Independente dos governos e dos patrões. O Brasil é um dos países que mais mata LGBTS, que relega a transexuais, lésbicas, gays e travestis aos postos mais precários de trabalho, mostrando mais uma vez que a luta pelo fim da opressão e da homofobia é também uma luta anticapitalista.

Que a luta contra a misoginia e a lesbofobia, que ceifa inúmeras vidas cotidianamente da maneira mais cruel possível de jovens, crianças e adultos, some cada vez mais manifestações pelo país! Justiça por Carol! E como diz o cartaz citado, que arranquemos justiça para ela com a nossa mobilização!