Foto: Jorge Ferreira / Mídia NINJA

O dia começou com violência na zona leste de São Paulo, policiais armados contra famílias inteiras, adultos, idosos e crianças, trabalhadores que moravam na Ocupação Colonial e foram expulsos a base de tiros e bombas pela polícia militar. Nem ao menos o cadastro social para inserir as famílias em programas de moradia do governo foi feito, graças à polícia que não aceitou a orientação do Ministério Público e executou a desocupação. Quando Guilherme Boulos tentava negociar os termos de desocupação das famílias a polícia o deteve sob a acusação de desobediência civil.

"Alegaram incitação à violência e descumprimento de ordem judicial, que é descabido. Fui negociar com o oficial de Justiça. Ele estava presente para oficiar que o Ministério Público havia pedido a suspensão da reintegração ontem (segunda-feira, 16) e o juiz ainda não tinha julgado. E (fui falar) que seria razoável eles esperarem o resultado antes de reintegrar as pessoas. Foi o que eu disse pra eles. Se isso é incitação à violência, então eu incuti a violência", disse Boulos durante a tarde enquanto ainda estava detido na delegacia.

O dirigente do MTST, mais um membro do movimento, José Ferreira, foram liberados no início desta noite, mas seguem indiciados. Como uma das alegações da polícia para prender Boulos estava a sua participação em um ato contra Temer a meses atrás, uma demonstração descarada do nível de perseguição e criminalização dos que lutam.

A “Cidade Linda” de Dória tem muros apagados pela hipocrisia de um milionário gestor que se veste de gari e marcas de sangue e lágrimas da violência do Estado contra a população que não tem onde morar. Dória mostrou hoje que está disposto a cumprir a promessa que fez no dia seguinte em que ganhou as eleições municipais, dizendo que as “ocupações terão tratamento rigoroso”. Com Alckmin ao seu lado como parceiro de governo, não faltará disposição para fazer novos Pinheirinhos, bem como hoje.

“Guilherme Boulos do MTST foi solto, mas segue indiciado. Um grande absurdo já que o verdadeiro crime é de Alckmin e Doria que deixaram nas ruas mais de 700 famílias”, declarou Diana Assunção, ex-candidata a vereadora pelo PSOL em São Paulo. Diana ainda complementou: “agora que Bolous foi solto precisamos exigir a extinção de todos os processos abertos contra ele e todos que lutam por moradia. Essa repressão violenta e perseguição política contra um dirigente de um importante movimento social que buscava uma negociação mostra a truculência de Alckmin e Doria que atuaram juntos para colocar 3 mil pessoas na rua. Todos parlamentares, sindicatos, e entidades de defesa de direitos humanos precisam se pronunciar imediatamente. Não à repressão, pela extinção de todos os processos! Pelo direito à moradia!"