Foto: O Portal N10

Após a denúncia, recebemos um depoimento de um dos demitidos que conta para o Esquerda Diário sobre a pressão produtivista dentro do call center que tem levado ao adoecimento desses trabalhadores, com a falsa promessa da empresa de que estariam com emprego assegurado. Confira o depoimento:


“Eu fui uns dos 100 que foi demitido sem aviso prévio. E olhe que eu dava meu sangue por essa empresa, batia todas as metas, atendia cerca de 70 chat por noite, e fora as pressões psicológicas que você sofria se não conseguisse bater a meta diária. No decorrer desse tempo, desenvolvi ansiedade por se cobrar demais e tomo até hoje medicamentos para conseguir dormir. Fora a jornada de trabalho que era muito exaustiva e mesmo assim, trataram a gente como um ninguém. Fui demitido sem justa causa, no dia 03/08 enquanto trabalhava normalmente. Fizeram até uma reunião no TEAMS, com três supervisores para informar do meu desligamento. Isso pq eu tinha colocado um atestado de covid e fiquei inapto de trabalhar por uma semana, isso no mês de julho. Eu fui o primeiro a conseguir bater os resultados da equipe toda, era o melhor em Csat e entregava os resultados que para eles, isso não contou. Fora a ansiedade e pressão psicológica que eu desenvolvi durante esse tempo, para ser o melhor da equipe e no final fui desvalorizado. E agora estou sem emprego, não tenho como da continuidade a minha faculdade, preciso de remédios para conseguir dormi, enquanto eles estão de “boas” fazendo com que mais pessoas como eu, seja demitido sem justa causa.”

DENÚNCIA: Teleperformance demite 100 trabalhadores sem aviso prévio em Parnamirim, no RN

Um forte relato que demonstra como a empresa busca jogar os trabalhadores uns contra os outros em uma competição para ver quem bate metas, promovendo o terror da ameaça de demissão para exigir sempre mais qualidade e quantidade. Isso em meio a um cenário de recorde de desemprego, que atinge 14,8 milhões de brasileiros em maio, e de aumento no preço dos alimentos, da luz, do custo de vida geral da população.

Uma pressão que adoece mentalmente os trabalhadores e busca dividir a categoria em “índices” de produtividade e qualidade. No caso dos 100 demitidos, a justificativa foi uma suposta avaliação baixa no atendimento, além da quebra de contrato dos restaurantes com a Uber Eats, sendo que sabemos que se trata de que a Teleperformance aproveita para reduzir o quadro de funcionários, para pagar menos folhas de pagamentos, enquanto mantém sobrecarga e metas extenuantes aos que ficam. Durante a pandemia, manteve muitos funcionários trabalhando com COVID-19 no piso de operação presencial desde o início da pandemia, enquanto se aproveita do trabalho home office de vários, sem ter que gastar dinheiro da empresa com materiais de trabalho, como computadores, mesa, cadeira e headsets.

O depoimento desse trabalhador demitido demonstra que a Teleperformance, assim como as empresas de telemarketing num geral, vão arrancar o couro dos trabalhadores com a pressão por metas e ainda vão demitir se necessário os que tiverem os melhores indicadores, para que não seja ela a pagar com sua receita de euros bilionária os custos da crise que os capitalistas mesmos criaram.

A Teleperformance faz demagogia dizendo que muitos de seus trabalhadores são mulheres, negros, LGBTQI+, mas na verdade a empresa se utiliza dessas opressões para impor essa relação de super-exploração e assédio mental dos trabalhadores.

Essa é mais uma denúncia que recebemos dos trabalhadores da Teleperfomance após as demissões que ocorreram. Chegaram relatos de trabalhadores que contam terem que exercer funções e bater metas sem qualquer tipo de treinamento, sendo coagidos pela patronal a “se virarem”, com ameaça de perderem o emprego. Ou ainda de uma trabalhadora que teve o laudo médico adulterado pela Teleperformance para não ter que pagar o benefício do INSS, enquanto no ano de 2020 teve lucro de 5 bilhões de euros.

O que acontece na Teleperformance em Parnamirim-RN é mais um exemplo da lógica da exploração capitalista e das formas que se utiliza para nos dividir, pois sabe que a nossa força unificada, entre desempregados e empregados, entre homens e mulheres, entre brancos e negros, pode botar em xeque seus lucros extraordinários em meio a uma crise econômica e social cada vez mais feroz. É preciso dar um basta e dizer que nossas vidas valem mais que o lucro deles, basta de demissões e assédio, e que os capitalistas paguem pela crise. Diante do avanço de Bolsonaro, Mourão, militares e Congresso contra os direitos dos trabalhadores, com reformas e privatizações, nós do Esquerda Diário nos colocamos lado a lado de cada trabalhador e demitido pela Teleperformance, defendendo a unidade da nossa classe, com as mulheres, negros e LGBTs na linha de frente para dar uma saída anticapitalista para a crise!

Se você foi demitido ou sofre com as metas e condições de trabalho, envie sua denúncia e seu depoimento: (84) 98730-0453

Acompanhe a Comunidade do Esquerda Diário para colocar a luta de classes na sua mão.

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