O Decreto 9.759, assinado por Jair Bolsonaro (PSL), que extingue conselhos e estabelece limitações para a participação popular, vai encerrar a atividade do Grupo de Trabalho Perus, que é responsável pela análise de ossadas das valas clandestinas do cemitério de Perus, descobertas em 1990, sendo muitas delas de desaparecidos na ditadura militar.

Para a procuradora regional da República e presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga, é necessário que seja instituído “de outro modo o que está previsto. É uma maneira mais burocrática para dar continuidade”. E a atividade do Grupo de Trabalho não pode parar.

Esse Grupo tem trabalhado desde 2014 na identificação de vítimas dos crimes políticos da ditadura militar e é responsável por analisar 1.047 ossadas retiradas dessa vala localizada na Zona Norte de São Paulo. Além dos mortos pela ditadura militar, especula-se que também há pessoas vítimas de chacinas.

O reacionário Jair Bolsonaro que, em sua atuação parlamentar, já criticava a busca pelos desaparecidos está, nesse momento, implodindo esse sistema de identificação, ação consonante com os demais pronunciamentos desse presidente que saúda a ditadura militar e seus torturadores. O que pretende com isso é abafar um trabalho que ilustra o saldo desse período de ditadura que resultou em muitas prisões, perseguições, torturas e assassinatos, para que se distancie do imaginário da população em geral.