(FOTO: Leo Correa/AP)

Uma operação para "inglês ver" o governo garantindo a lei e a ordem do governo Pezão em aliança com Temer através da violenta repressão, com assassinatos, invasões e "balas perdidas". Uma demonstração física de que o governo quer despejar a crise sobre os trabalhadores e a juventude, em especial os negros e negras.

Segundo o portal de notícias UOL, até agosto foram gastos R$4.004.000 em propagandas de TV e em “mídia exterior eletrônica”. A divulgação da ação com o slogan “O Rio quer Segurança e Paz”, quando na prática significa mortes de moradores na favela da Rocinha e repressão a população negra, foi veiculada no Rio, em São Paulo e Brasília entre os dias 1 e 17 de agosto, segundo o governo.

Desde o começo da ação, autorizada pelo presidente Michel Temer no final de julho deste ano, foram gastos R$1.551.849,81 em operações e manutenção de cerca de 8,5 mil agentes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha.

Do total da quantia destinada à propaganda, R$904 mil vieram da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República e R$3,1 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.

A operação segue até 31 de dezembro quando deverá ser renovada até o final de 2018. Até o final do ano, estão previstos R$6.977.391,20 sua manutenção, destinados a diárias e passagens, “material para emprego” e serviços de apoio à operação.

(FOTO: Leo Correa / AP)

Os enormes gastos com propaganda revelam o esforço dos governos em convencer a população do Rio e em especial das favelas de que a polícia efetivamente combate o crime, com a velha desculpa de “Guerra às drogas”, quando a maior parte dos moradores sentem na pele que na verdade a violência no Estado só aumenta. Ao mesmo tempo, é uma demonstração de forças do aparato repressivo do Estado que ameaça se voltar contra a mobilização dos trabalhadores, como ocorreu em Brasília no dia 24 de maio. As operações têm causado diversas mortes por “balas perdidas”, atingindo a população das favelas e até uma turista no início da semana.

Pesquisa do Datafolha revela que 72% dos moradores do Rio de Janeiro deixariam a cidade se pudessem por causa da violência. 67% ouviram um tiro recentemente, um terço mudou sua rotina e presenciou pelo menos um disparo. Não bastasse isso, pesquisas mostram que esse tipo de ação, usada há anos, não diminui a violência.

As Forças Armadas interviram 12 vezes no Rio de Janeiro na última década por pedido formal do governo do Estado. Nos últimos 12 meses, isso ocorreu em quatro momentos: durante as Olimpíadas em agosto de 2016, nas eleições em outubro de 2016, na votação do pacote de austeridade na Assembleia Legislativa, em fevereiro de 2017 e agora. Não por mera coincidência, em todos os casos foi para garantir o lucro de grandes empresas e/ou a estabilidade dos governos para aplicar os ajustes.
Apesar do governo tentar fazer parecer que estas são medidas extraordinárias, a autorização para a intervenção do Exército com poder de polícia no Rio de Janeiro apenas intensifica a repressão e as mortes pelas mãos da polícia que no Estado são rotina. Só nos primeiros 8 meses desse ano a Polícia do Rio de Janeiro assassinou 3 pessoas por dia, um total de 712 pessoas ou 29,6% a mais de mortes do que no mesmo período do ano de 2016, nos quais todos os policiais puderam responder em liberdade cumprindo funções administrativas, ou seja, não foram punidos.