Foto: Joana Berwanger/Sul21

A Frente Quilombola do Rio Grande do Sul publicou nesta segunda-feira (23) liminar concedida por desembargadora da Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) determinando a reintegração de posse do Quilombo Lemos, em Porto Alegre. Mais uma ofensiva contra o povo negro, que acontece na mesma semana do assassinato de João Alberto em um Carrefour também em Porto Alegre.

A decisão foi expedida no 20 de novembro, dia da Consciência Negra, com prazo para de 45 dias para a saída voluntária das famílias. A reintegração pode acarretar no despejo de cerca de 28 pessoas que moram no Quilombo Lemos hoje. O quilombo também denuncia que a Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) veio se reunindo com a direção do Asilo Padre Cacique, sob pedido deste, cumprindo um papel de auxiliar dos ataques ao povo negro.

Veja também: Alta de 73% nos lucros do Carrefour se dá em cima da fome, sangue e trabalho negro

De acordo com a Frente Quilombola, a decisão atende pedido da direção do Asilo Padre Cacique, que fica ao lado do Quilombo e que atenta grilar o território ocupado pelos quilombolas desde 1960. Por conta de um projeto de construção de duas torres em frente aos terrenos do Asilo e do quilombo, promovido pelo SC Internacional, o Asilo Padre Cacique receberá como contrapartida um projeto de reformas, exigindo a reintegração diante disso.

O gigante projeto construirá no terreno do Estádio Beira-Rio as torres mais altas do Rio Grande do Sul, despertando o pleno interesse da especulação imobiliária na região. Por coincidência ou não, quem exigiu a tramitação em regime de urgência da autorização do projeto na Câmara Municipal foi o racista Valter Nagelstein (PSD), deputado da extrema-direita local.

Em meio pandemia quilombolas são despejados de seus lares, como também foi o caso emblemático no Maranhão, que atacava 800 famílias.

Nós do Esquerda Diário prestamos toda a nossa solidariedade a todos os moradores do Quilombo Lemos, assim como rechaçamos o absurdo papel que cumpre na expulsão dessas famílias o judiciário, inimigo dos trabalhadores, dos negros e do conjunto dos oprimidos. Para que nenhuma vida valha menos que o lucro dos capitalistas, em defesa dos moradores dos quilombos e favelas, por João Alberto e a juventude negra que vive espremida entre as balas da polícia, a violência racista e o desemprego, confiemos somente em nossas próprias forças contra esse sistema de exploração e opressão que é o capitalismo!