A gratificação foi paga a juízes que estavam de férias ou sem atuar nos tribunais, bem como a juízes que estavam dividindo o trabalho na vara com outros juízes. Pior ainda: juízes que atrasavam propositalmente e de forma reiterada a assinatura de sentenças também foram beneficiados pelos pagamentos indevidos.

Os valores são referentes ao período de novembro de 2015 a abril de 2016. O valor total de R$ 23 milhões foi pago aos juízes nesse período, e a conclusão da investigação aponta que 14,3% foram feitos de forma irregular.

Essa gratificação corresponde a um terço do salário dos juízes. Para um juiz em início de carreira, que recebe R$ 27,5 mil, o benefício fica no valor de R$ 9,16 mil.

A auditoria apontou outras irregularidades. Segundo a resolução de 2015 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) que institui o benefício, a gratificação deve ser paga a magistrados designados para a função em mais de uma vara por período superior a três dias úteis e não inclui sábados, domingos e feriados, a não ser que a substituição seja por período igual ou superior a 30 dias. "As falhas nos mecanismos de controle interno permitiram a percepção de valores referentes a períodos de concessão inferiores a quatro dias úteis; a sábados, domingos e feriados em designações inferiores a 30 dias; à utilização de divisor diferente de 30 para apuração do valor diário devido", diz a auditoria. Desembargadores que não ocupavam os cargos de direção também receberam o benefício irregularmente.

Ou seja, além de salários exorbitantes muito acima do que qualquer trabalhador recebe, e inúmeros "benefícios" extras que levam os juízes a receber valores altíssimos, ainda podemos contar com as irregularidades e corrupção. Os cortes no momento de crise são apenas no bolso dos trabalhadores. O judiciário, bem como os políticos, continua enchendo os bolsos com enormes cifras - legal e ilegalmente, moral ou imoralmente.