Franco “Paco” Capone, residente de Medicina Geral do Hospital Penna, foi um dos trabalhadores que atendeu os manifestantes no Posto de Saúde e, descreveu em sua rede social o tipo de lesões que trataram devido ao “novo” gás: “Por causa do spray de pimenta que usaram ontem: Saibam que nós que lidamos diariamente com a repressão sabemos que esse elemento que usaram ontem é novo, quase uma tortura. Ao entrar em contato com a pele, causa queimaduras químicas com fortes dores. Tivemos que encaminhar para o hospital vizinho”.

Quem sofreu contato com esse gás relata forte sensação de queimação e queimaduras na pele, até várias horas após recebê-lo. Até os próprios profissionais de saúde foram afetados ao lidar com a substância no cuidado das pessoas. Continua Paco Capone: “Atendemos mais de 150 pessoas no posto de saúde para repressão: jovens, mulheres, aposentados, professores, tivemos até que cuidar uns dos outros porque esse gás ao menor contato com a pele inicia uma lesão tipo queimação que não para mesmo com lidocaína (anestésico)”.

Professores, jovens, mulheres, aposentados foram atingidos pelo gás enquanto se manifestavam pacificamente. Também o deputado do PTS-Frente de Izquierda, Alejandro Vilca, recebeu uma poderosa carga no rosto ao tentar abordar as forças da Prefeitura Naval para deter a operação excessiva de Patricia Bullrich, da qual também participaram a Gendarmaria e a Polícia Federal.

Uma substância química deste tipo, que causa forte dor, não tem como objetivo persuadir, mas sim ferir diretamente quem se mobiliza. É totalmente ilegal e as forças de segurança devem responder sobre o que usaram e porquê. A repressão e as detenções arbitrárias tentam intimidar, mas não conseguem esconder a raiva daqueles que se mobilizam legitimamente contra a entrega do país às grandes empresas.

Os trabalhadores e estudantes de saúde que estão todos os dias na linha da frente apoiando os hospitais enquanto as condições pioram, chamam para enfrentar a repressão desde o Posto de Saúde, e para serem muitos mais num novo dia de mobilização a partir das 18 horas, em unidade desde as bases com as assembleias de bairro e outros setores dos trabalhadores, para barrar a lei geral e todo o pacote de medidas contra os trabalhadores.