O Laboratório Central Dr. Almino Fernandes lançou nota técnica afirmando que irá analisar apenas as amostras de casos suspeitos que se enquadrem em grupos de risco. Segundo a nota, apenas serão analisadas as amostras de pessoas que apresentem sintomas por mais de 7 dias e com as seguintes condições: "diabetes mellitus, hipertensão arterial, cardiopatia, doença pulmonar crônica, neoplasias malignas e gestação de risco -, pacientes com 60 anos ou mais e profissionais da saúde." Todas as demais amostras coletadas de pacientes com sintomas do COVID-19 serão descartadas sem análise.

Segundo nota do Sindsaúde-RN: “A medida é preocupante, pois vai abrir margem a uma ’cifra negra’ de óbitos, que vão ’pular’ de casos suspeitos a mortes, sem contanto ser possível apontar a confirmação do óbito ao Ministério da Saúde e fazer constar em seu atestado de óbito, pois aquela amostra foi descartada no laboratório.”

A nota sindicato ainda fez lembrar a morte de Matheus Aciole, de 23 anos, que não teria a sua amostra analisada com essa nova medida.

No RN até agora foram disponibilizados não mais de 57 mil testes, e foram encomendados cerca de 100 mil através da UFRN. Um número completamente insuficiente que já aponta para um cenário de subnotificação. Com essa medida do LACEN, que até agora foi acatada pelo governo Fátima, veremos uma situação semelhante à de outros estados: aumento drástico de mortes por insuficiência respiratória, que não se sabe se são por coronavírus.

A própria SESAP declarou que o sistema de saúde do RN tende a colapsar em maio. Sem testes, veremos apenas covas se abrindo, sem saber daonde vem os nossos mortos por insuficiência respiratória. Frente a esse cenário apontado pelo próprio governo é chocante que as medidas anunciadas por Fátima até agora não correspondem em nada com essa previsão. Onde estão a ampliação massiva de leitos na rede pública?

Nem mesmo os trabalhadores da saúde que tiveram confirmação do coronavírus foram liberados, o que é um absurdo, que se soma ao fato de estarem na linha de frente do combate ao vírus sem EPIs adequados, e o estado ainda os obriga a seguirem no front, inclusive contaminando outras pessoas! O hospital de campanha, cuja licitação foi adiada, é completamente insuficiente, e não gera nenhuma medida permanente de para a saúde do RN. Porque não centraliza os leitos da rede privada e põe a disposição população, para que fato tenhamos um sistema único e público de saúde, constantemente ameaçado por monópolios tipo Unimed.

Essa subnotificação é favorável para expansão das nossas covas, não dos nossos leitos. O governo Fátima não toma nenhuma medida para garantir testes massivos e ampliação real dos leitos, como deveria ser a taxação de grandes fortunas do estado para arrecadar os fundos necessários, ou a cobrança da dívida de R$ 4 bilhões que empresários tem com a população do RN.