Segundo o Tesouro Nacional, o governo gastou R$ 294 bilhões para o combate à pandemia até agora, porém em diversas ocasiões o presidente, ministros e publicações da Secretaria Especial de Comunicação Social afirmaram que esse número seria R$ 1 trilhão. A ideia é buscar mostrar serviço por meio do discurso enquanto na prática senta em cima da pilha de mortos pelo COVID-19, sendo que muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se houvesse um plano sério de combate à pandemia.

Enquanto os sistemas de saúde de vários municípios entram em colapso frente ao sucateamento do SUS, o Ministério da Saúde deliberadamente demora para liberar repasses de verba, o que significa ainda mais mortes e contaminações, isso acontece pois a prioridade do governo nunca foi com as vidas, desde o começo da pandemia Bolsonaro vem fazendo um discurso negacionista, forçando pela normalização e priorizando a garantia de manutenção do lucro dos patrões.

Demagogicamente o Ministério da Saúde tem afirmado que está totalmente empenhado para salvar vidas, sem explicar o que poderia justificar a demora nos repasses de verba, o que se vê é uma propaganda do governo à hidroxocloroquina, na intenção de movimentar a indústria farmacêutica, quando na verdade não há ainda qualquer comprovação científica de sua eficácia, o que ilustra o tamanho do descaso.

Em entrevista para o Jornal nacional, o economista Marcos Mendes afirmou que o Brasil tem gastado mais do que outros países da América Latina, porém isso não tem impacto nos números da pandemia. Ele disse ainda que: “Isso indica que, apesar de gastar um volume elevado, a gente está gastando, possivelmente, de forma não eficiente. Porque faltou coordenação, faltou organização, faltou prioridades. Há muito conflito entre o governo federal e o governo estadual”.

De fato, os gastos não surtem efeito na pandemia pois não se implementou testes facilmente para a população, ao contrário, os trabalhadores ficam doentes e até mesmo morrem sem ter direito a testes enquanto o próprio Bolsonaro faz inúmeros. Além disso, não se tem garantido EPIs de forma massiva para os trabalhadores essenciais nem a liberação remunerada dos não essenciais. Incontáveis fábricas estão fechadas, incluindo boa parte do setor automobilístico, mas nada foi feito para que essas empresas pudessem produzir respiradores e máscaras.

Porém, ao contrário do que o economista afirma a principal preocupação não são os conflitos entre governo federal e estadual, isso porque a “oposição responsável” de governadores como Doria no começo da pandemia – que era materializada na figura de uma quarentena fajuta – agora prima-se uma serena trégua enquanto chove ataques contra os trabalhadores, principalmente da área da educação.

A cada dia que passa fica mais evidente a urgência em que se implemente um plano de combate à pandemia que passe pela garantia dos testes para a população, pela ampliação do Sistema Único de Saúde, contratando mais profissionais e ampliando os leitos, assim como a reconversão industrial para a produção dos insumos necessários. A cada dia também, se prova de forma mais dura e escancarada que não são os governantes nem a burguesia que implementará esse plano.