FOTO: Ricardo Duarte, ZH

Yeda Crusius (PSDB), deputada federal e ex-governadora do estado do Rio Grande do Sul, foi escolhida para compôr a Comissão Especial da Câmara que vai tratar dos "supersalários" do funcionalismo público. Ela mesma recebeu um supersalário em agosto, ao contrário dos servidores públicos concursados que a casta política pretende atacar.

Yeda Crusius foi governadora do Rio Grande do Sul entre 2007 e 2011. Mesmo sendo há tanto tempo, o estado paga a ela até hoje uma "pensão-político" no valor de R$ 30 mil, que neste mês foi acrescido de mais um décimo terceiro salario. Somado ao salário de deputada, R$ 33.763,00, Yeda faturou em um mês, R$ 66 mil reais. A quantia equivale a 70 salários mínimos.

A Deputada foi escolhida para participar da comissão que tratará do projeto de lei 6726/16 que regularia o teto do funcionalismo público, categoria na qual, aqueles que prestaram concurso e não ganha supersalários, estão mira de ataques como o Plano de Demissão Voluntária de Temer ou o projeto de demitir servidores sem justa causa.

Muito diferente, por exemplo, da realidade dos servidores do Rio de Janeiro ou dos professores do Rio Grande do Sul e de outros estados em crise, Yeda recebeu uma bolsa-político, concedida por lei de 1979 que concedia pensões vitalícias aos governadores e seus parentes. Posteriormente esta lei foi alterada pela Assembleia Legislativa do RS, mantendo o altíssimo benefício ainda durante 4 anos, enquanto que para os servidores, nada, ou pior, o calote nos salários!

Não é novidade que a casta política e judiciária que nada no nosso dinheiro, seja a mesma que tem coragem de dizer que a culpa é do servidor público concursado, que supostamente teria "privilégios". Recentemente vimos o caso da senadora quer demitir servidor públicosem justa causa faltou 80% das sessões em 2013, ou ainda o juiz que ganhou recebeu R$ 500 mil, achou que estava certo, e ainda deu graças à reforma trabalhista.

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