Nesta quarta-feira (10/11) está marcada na Reitoria a última sessão da sindicância que está analisando o caso das duas trabalhadoras terceirizadas da Moradia Estudantil (ME) que foram assediadas por um estudante da UFF. Não é a primeira vez que o movimento estudantil e estudantes da Moradia Estudantil estarão presentes para exigir da Reitoria justiça para as terceirizadas: na primeira sessão da sindicância ainda em Setembro, os estudantes estiveram presentes para marcar apoio.

Denúncia: “Os terceirizados não são contemplados nos regulamentos da UFF” denuncia aluno da moradia em repúdio ao assédio sofrido por trabalhadoras.

As trabalhadoras vêm denunciando o caso desde Abril, quando órgãos da Reitoria tomaram conhecimento. Desde lá, nenhuma solução foi arranjada por parte da Reitoria, que expõe as trabalhadoras a conviverem diariamente com o agressor no seu local de trabalho, visto que o estudante acusado de assédio também é morador da ME. Na primeira sessão da sindicância, as trabalhadoras tiveram que dar seu depoimento na presença do agressor, pondo sua integridade física e a lisura da sindicância em risco, visto o constrangimento das trabalhadoras terem que falar sobre a violência que sofreram na frente do acusado. A reitoria é responsável por essa humilhação.

O caso ainda é mais absurdo porque segundo o regimento da Moradia Estudantil, alunos que colocassem em risco moral e físico a um trabalhador, estudante ou convidado poderiam ser temporariamente afastados até que determinado caso seja analisado pelas instâncias da Universidade. No entanto, ao serem questionados sobre essa possibilidade que evitaria o convívio cotidiano de vítimas com o agressor, a coordenação da moradia alegou que essas normas não serviam para mediar as relações entre terceirizadas e os estudantes, fazendo uma diferenciação absurda entre terceirizadas, consideradas “empregadas” e efetivos que seriam “funcionários”.

Denúncia: “Queremos justiça!” diz aluno da moradia da UFF em repúdio ao assédio sofrido por trabalhadoras terceirizadas.

O DCE não apareceu para prestar apoio às trabalhadoras, não comparecendo a mobilização dos estudantes frente a primeira sindicância em Setembro e sequer fazendo menção ao caso em suas redes sociais.

Os mecanismos burocráticos de denúncia à assédios na Universidade desencorajam as estudantes e trabalhadoras a denunciarem os casos que sofreram. A Reitoria que agora coloca em risco as trabalhadoras ao mantê-las trabalhando por mais de 6 meses na presença do acusado, é a mesma que não presta nenhum apoio a Vanessa Rodrigues, a estudante da UFF que foi vítima de estupro por um professor da Universidade. A Reitoria é responsável pela maneira desastrosa como conduz os casos, é preciso que a campanha contra o assédio na UFF não deixe de responsabilizar a Reitoria pela maneira como os casos de machismo são analisados.

A oposição de esquerda na UFF através do campo "Eu defendo a UFF" disse que estará presente na mobilização e convocou os estudantes a participarem dos atos.

Nós da Juventude Faísca estaremos presentes na mobilização marcada na Reitoria para apoiar a luta por justiça das terceirizadas e lutar contra o assédio na UFF. Essa batalha deve ser vista como parte da luta pelo fim da terceirização, pela efetivação dos trabalhadores terceirizados sem necessidade de prestar concurso. Igual trabalho, igual salário.