O pronto socorro é responsável pelo atendimento médico de quase 50 mil presos do estado do Rio, e possui apenas 11 respiradores para atender a essa população. Dentre eles, 7 recebidos há mais de um mês estão ainda embalados na sala de Serviço de Administração, e um está sendo usado na ambulância da unidade.

Com esse surto pandêmico do coronavírus, o sistema de saúde público é o único capaz de garantir a vida da maioria da população, especialmente a população carcerária, vítimas de um sistema penal racista e higienista no nosso país, nem falar no Rio de Janeiro comandado por Witzel.

Não é surpresa para ninguém o grande descaso que ocorre com a população carcerária do país, que é em sua maioria negra. Esse sistema prisional coloca presos em celas superlotadas, aumentando de forma monstruosa os riscos de contaminação. Encarceram ilegalmente milhares de negros e negras, aumentando os riscos do povo preto à contaminação, e isso só reafirma o porquê dos negros morrerem mais pelo Covid-19.

Sabemos que a população negra do país sofre com uma letalidade maior do coronavírus do que os brancos. Não é por questões biológicas, mas consequência de anos de destruição do SUS para dar lucros aos bancos e monopólios privados da saúde, do qual depende a vida da maioria da população negra.

Acabaram com as condições de moradia, que nas favelas não tem água e esgoto, e ainda são os negros que ocupam postos de trabalho mais precários, sem direito a quarentena, e os que estão em casa vivem em condições precárias ou são assassinados dentro das suas próprias casas, como aconteceu com o João Pedro, jovem de 14 anos morto por essa polícia racista.

Nós não devemos confiar nessa justiça que só responde a interesses políticos e deixam 40% da população carcerária não ter o direito a julgamento. Justiça que prende Queiroz para fazer jogo político com Bolsonaro, mas se nega a responder “Quem mandou matar Marielle?”. Não devemos ter um mínimo de confiança no STF e outros do judiciário, que precariza ainda mais nossos empregos com assinaturas de reformas, retirada da aposentadoria e terceirização do trabalho.

Nossa luta tem que ser por Fora Bolsonaro, Morão e Militares, sem nenhuma confiança nos governandores, que reabrem comércios no meio de uma pandemia, mostrando para nós que eles apenas de importam com lucros e não com nossas vidas. Mas também porque governadores como Witzel, ou até mesmo Fátima do PT que governa o Rio Grande do Norte, estão botando a polícia para matar e prender cada vez mais a juventude negra, nem sequer dando direito a respiradores.

Com tanta repressão, querem sufocar a raiva acumulada dos negros desse sistema capitalista racista e genocida, que vimos nos EUA com a fúria despertada pela morte de George Floyd o perigo que representa para a dominação da burguesia no mundo. No Brasil, essa fúria pode apontar o fim de um regime político e econômico herdeiro da escravidão e das senzalas, retomando o caminho da luta de classes rumo a uma assembleia livre e soberana, onde a classe trabalhadora possa decidir o rumo que o país vai seguir, acabando com a burguesia e sua justiça e a polícia racistas!