A violência e o desprezo pelos povos indígenas parece não ter limites para Bolsonaro. Em conversa com apoiadores nessa sexta-feira, o presidente tripudiou da memória e da luta histórica dos povos indígenas de nosso país em tom de deboche e auto proclamação: “No meu governo, não foi demarcada nenhuma terra indígena. No meu governo, nenhuma terra indígena foi demarcada. Já temos 14% do Brasil demarcado”

Além de serem mentirosos os dados apresentados, tendo em vista que não são poucas as terras em constante ataques de garimpeiros, madereiros e outros setores ligados ao agronegócio, a declaração é escandalosa. Os povos indígenas lutam no Brasil há séculos em defesa de suas próprias terras, com histórico de genocídio, massacres e as mais variadas violências que o Estado brasileiro perpetua e perpetuou. Comemorar a ausência de demarcação é não só naturalizar a barbárie secular, como elogiá-la.

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A demarcação das terras indígenas é demanda substantiva dos mais diferentes povos do país, do Oiapoque ao Chuí, da mata amazônica à costa atlântica. Com essa frase, Bolsonaro fala em nome dos grandes latifundiários que buscam destruir ainda mais a já devastada Amazônia em busca de lucros. De quebra, adiciona mais um balde de xenofobia e racismo em seu discurso já afundado na violência contra distintos setores da sociedade brasileira.