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Este ano termina com uma alta acumulada de 21,9% do gás de cozinha realizado pela Petrobras, cobrança adicional de R$ 6,24 para cada 100 KWh na energia elétrica pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a estimativa da LCA Consultores é de uma alta de 2,42% para os preços administrados pelo governo em 2020 e de 3,70% em 2021. Além do fim do auxílio emergencial, 2021 trará novos reajustes para os mais pobres. Com o aumento dos preços e o aumento da pobreza, os trabalhadores são obrigados a cozinhar com carvão e álcool. O número de acidentes com álcool aumentou imensamente na pandemia.

"Faço dobradinha, feijoada, sarapatel, essas comidas assim grosseironas. Fiz um fogareiro e estou cozinhando no carvão, que é mais rápido e mais barato do que o gás" diz Anely Rodrigues dos Santos em entrevista a BBC. Com 48 anos, a trabalhadora desempregada que esta vendendo marmitas para se sustentar e que passou a usar carvão no lugar do gás cozinha por conta da alta do preço do item.

Segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, a inflação da população de renda muito baixa chegou a 5,33% no acumulado de 12 meses até outubro, comparada a alta de 3,92% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Outro articulador importante no orçamento dos mais pobres, o aluguel sofre a pressão de um IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) em alta de 24,52% em 12 meses até novembro.

Na sexta-feira (4/12), o IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1) da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que mede a inflação para famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos, mostrou quadro semelhante, com uma alta acumulada em 12 meses de 5,82% até novembro, puxada por avanço de 17,06% dos alimentos no período. Isto é, a inflação foi aumentada pela elevação do preço dos alimentos, e quem sentiu mais duramente isso foram os trabalhadores mais pobres.

Com o aumento dos casos de Covid-19, do desemprego, alta dos preços dos alimentos, do transporte público e energia elétrica, a vitória dos chamados “partidos do Centrão” nestas eleições, os partidos da ordem burguesa, a direita tradicional que fez parte do golpe institucional de 2016, junto a extrema direita de Bolsonaro estarão focadamente empenhados em descarregar essa crise nas costas dos mais pobres e este cenário somente poderá ser revertido e combatido por meio da luta de classe levada a frente pela classe trabalhadora a partir de agora.