Foto: EFE/EPA/ORESTIS PANAGIOTOU

Milhares de pessoas se manifestaram nas ruas de Atenas neste domingo (8) para exigir que o Governo de Alexis Tsipras retirasse a reforma fiscal e das aposentadorias que havia sido votada à meia-noite do mesmo dia, com a qual o Executivo cumpriu o ultimato da Troika, um dia antes de se reunir o Eurogrupo. A reforma foi votada com 153 votos a favor, a totalidade dos deputados do Syriza e do Anel.

A polícia grega deteve várias pessoas depois dos enfrentamentos desatados em frente ao Parlamento durante a manifestação convocada por diversos sindicatos. Os agentes antidistúrbios gregos lançaram gases lacrimogêneos e bombas de efeito moral em um grupo de manifestantes. A marcha convocada pelo sindicato do setor público ADEDY, tinha reunido mais de 10.000 pessoas.

Dentro da Câmara, onde os deputados debatiam as reformas propostas pelo Governo, um membro do Partido Comunista (KKE) denunciou o uso de violência contra os manifestantes.

Depois de duas jornadas de greve geral, os principais sindicatos gregos convocaram manifestações para esta segunda-feira, tanto pela manhã em diversos pontos do centro de Atenas, como pela tarde em frente ao Parlamento.

Uma das mobilizações da manhã do domingo foi organizada pelo sindicato PAME (vinculado ao KKE), à qual compareceram mais de 10.000 pessoas, enquanto que a convocada pelo principal sindicato do setor privado, GSEE, compareceram mais de 2.000 manifestantes. Além disso, durante o domingo aconteceram paralisações parciais no transporte público da capital grega.

ADEDY e GSEE convocaram na quinta-feira esta greve de 48 horas para sexta e sábado, com paralisação total no transporte público a que se somaram também outros setores, como os jornalistas e os agricultores.

Uma reforma “express” na medida para a Troika

Nesta segunda-feira os ministros de finanças da União Europeia se reuniram em Bruxelas para avaliar o processo de “reformas” implementado na Grécia. Por este motivo o governo grego aprovou de forma “express” as medidas exigidas pelo FMI e pela Comissão Europeia: a reforma das aposentadorias e a modificação do sistema fiscal. Ou seja, seguir ajustando contra os trabalhadores e o povo grego que seguem pagando a crise.

A reforma das aposentadorias, o 12º ajuste das mesmas desde 2010, implica em uma mínima de 384 euros ao mês para períodos de cotização de 20 anos, a desaparição do fundo complementário de solidariedade e a homologação dos numerosos fundos de aposentadorias por categoria. A reforma fiscal, por sua vez, contempla o aumento em um ponto do tipo mais alto de IVA (a partir de agora, em 24%) e o ajuste para baixo da base mínima, o que equipara o regime geral a setores como o agrícola, que até agora dispunha de condições vantajosas.

Esta semana foi divulgado um informe de um centro de pesquisas alemão que demonstra que a maioria do dinheiro dos resgates anteriores, de 2010 em diante, foi para pagar os credores em forma de pagamentos da dívida e pagamentos de juros. Só 10% de todo esse dinheiro foi para o orçamento grego. Um ciclo vicioso de “resgates” para pagar a dívida, que geram novas dívidas impagáveis. Um ciclo vicioso a que o governo de Alexis Tispras se subordina, impondo o pagamento da dívida com cortes, ajustes e repressão.

O governo do Syriza-Anel responde assim, novamente, às exigências da Troika, impondo novos e duros ajustes antipopulares que são amplamente rechaçados pelos trabalhadores e pelo povo gregos.

Tradução: Francisco Marques