Nicolás Maduro e Vladimir Putin. (Yuri Kadobnov/Reuters)

Em meio a crescentes tensões entre imperialismos no cenário mundial, e em particular com relação à Venezuela e sua relação com os EUA, Vladmir Putin, presidente da Rússia, enviou à Venezuela dois bombardeiros Tu-160 para participarem de manobras militares conjuntas entre os dois países. Além dos dois aviões supersônicos, capazes de carregar mísseis convencionais e nucleares a uma distância de até 5,5 mil quilômetros, foram, também, um avião cargueiro An-124 e um avião de passageiros Il-62.

Segundo o Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, os exercícios em conjunto com a Russia são um de várias áreas onde os dois países cooperam, e que também estão se "(...) preparando para a defesa da Venezuela até o último palmo de terra caso seja necessário". Os bombardeiros estratégicos Tu-160, mandados para os exercícios militares são os mesmos já usados pela Russia em operações militares na Síria, em defesa do governo sanguinário do ditador Bashar al-Assad.

Os exercícios vêm uma semana depois de uma visita de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, à Russia, onde garantiu grandes investimentos para a Venezuela, especialmente em obras relativas ao setor petrolífero. Essa reaproximação se dá nos marcos de uma acirramento nas relações entre potencias imperialistas no cenário mundial. Sendo a Venezuela de grande interesse estratégico para os Estados Unidos (que além de já financiar há décadas a oposição de direita no país, vem dando sinais de que poderia querer recorrer a meios mais agressivos para retomar controle integral de seu "pátio traseiro", conforme o presidente dos EUA, Donald Trump, acirra relações com a nação cada vez mais isolada, e já fala abertamente da possibilidade de invasão militar da região) potencias concorrentes se preparam para ter a Venezuela como o próximo campo de batalha por influência hegemônica na geopolítica mundial.

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Atualmente, a Russia é uma aliada estratégica impostante da Venezuela justamente por se contrapor à influencia yankee agressiva no país, aliando-se à fração burguesa "nacionalista" apoiada na casta militar que governa o país desde a ascensão de Hugo Chávez, no fim dos anos 90. Contra isso, os EUA aliam-se a (e financiam) uma oposição entreguista neoliberal, pronta para receber uma invasão americana de braços abertos, com o propósito explícito de deixar aos conglomerados capitalistas que deitem e rolem nas amplas reservas de petróleo do país. Além de aumentar ainda mais o poder ostensivo de repressão e subjugação dos Estados Unidos no cone sul.

Em face desse cenário, e em meio a uma crise econômica de grandes proporções, agravada pela ingerência imperialista feita a serviço da sede de sangue dos abutres do mercado financeiro, não pode ser apoiando-se no bonapartismo de Maduro junto à burguesia e ao exercito para vender petróleo venezuelano ao imperialismo americano ao qual ele alega se contrapor, nem tampouco no poderio militar do imperialismo russo, que só tem olhos para as riquezas naturais e na exploração dos trabalhadores venezuelanos, que a classe trabalhadora na Venezuela e no mundo pode se libertar do jugo da exploração e rapina do "primeiro mundo". Os trabalhadores e trabalhadoras devem confiar em suas próprias forças, e construir uma alternativa revolucionária com total independência de classe, para lutar contra a opressão burguesa e do grande capital tanto no cenário nacional, como internacional. Essa via independente é vital para enfrentar a enorme crise que assola o povo venezuelano e se defender realmente contra qualquer ameaça à soberania popular e autodeterminação dos venezuelanos, seja contra o imperialismo de Trump, seja contra repressão de Maduro apoiado por Putin.