O Brasil passa por uma enorme crise política, social e econômica. Fruto dos 10 anos da crise econômica mundial, e agora com a medida protecionista de Donald Trump em relação ao aço, espera-se muitas demissões combinada a mais ataques ao conjunto da classe trabalhadora, baseado no aumento da exploração em piores condições de trabalho, a partir da Reforma Trabalhista, e os demais ataques que vieram fruto do golpe institucional em 2016 que sequestrou o voto popular, para aplicar ataques ainda mais duros do que o Partido dos Trabalhadores já estava fazendo.

Crises... são uma das grandes reflexões de Marx e do marxismo revolucionário. Crises inerentes ao sistema capitalista, fruto da sua forma anárquica de organização econômica, da disputa interminável entre as burguesias e na maneira cruel e desumana com que se atira a classe trabalhadora a cada vez mais miséria e opressão, fazendo que apesar da globalização, o avanço dos regimes democráticos em grande parte do globo, da ˜revolução" tecnológica que faz com que nos comuniquemos em tempo real com pessoas de países distantes, enquanto Marx sequer conheceu a luz elétrica. Apesar de tudo isso, as pessoas seguem morrendo de frio em frente as lojas de cobertores e morrendo de fome em frente aos fast-foods e restaurantes, porque nossas vidas não valem mais do que o lucros patronais.

No ano do bicentenário de Karl Marx, o que iremos estudar?

Os dois primeiros capítulos do Manifesto do Partido Comunista: "Burgueses e Proletários" e "Proletários e Comunistas", iniciam uma das obras mais importantes do século XIX. Um dos livros que se generalizou pela classe trabalhadora e fez do comunismo não um sonho distante, mas um movimento real da classe trabalhadora. Em meio a Primavera dos Povos, Marx junto com seu companheiro Engels, escreveram para a Liga Comunista, que depois daria lugar a I Internacional Comunista, os fundamentos essenciais para se analisar a sociedade, e ir além, propor mudá-la.

Uma frase que as vezes fica secularizada na leitura do Manifesto, ou que pode ser encarada apenas como um jargão de esquerda: ˜A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes˜, é talvez uma das mais profundas analises do marxismo revolucionário. A constatação da luta de classes como motor da história e como o seu produto é a única explicação materialista e racional para o desenvolvimento da humanidade, particularmente para o Brasil, nos apresenta uma outra leitura sobre a imensa opressão e exploração imposta a população negra, escravizada e sequestrada da África, que ainda antes do surgimento da classe operária brasileira - e depois com o seu surgimento - só confirmaram esta história contra a história oficial. Podemos então repetir o que CLR James, um marxista revolucionário dirigente do SWP americano disse "O único lugar onde os negros não se revoltaram são nos livros de história capitalistas˜.

Para alguns chocam a ideia de Marx - sim Marx - dizer que a burguesia teve um papel "altamente revolucionário". Mas para todo marxista, é inquestionável a profunda revolução que o capitalismo representou frente ao feudalismo. Isso em algum momento contradiz a luta pela sua destruição e a batalha por uma sociedade livre de opressão e exploração? Muito pelo contrário. Depois continua "Mas a burguesia não forjou apenas as armas que lhe trazem a morte; também gerou os homens que manejarão essas armas — os operários modernos, os proletários". É com esta perspectiva, de um marxismo como guia para ação, para derrotar os nossos inimigos de classe no Brasil e no mundo, que queremos estudar esta obra.

No segundo capitulo, se falará de fato sobre quem somos, os comunistas. Diferente de toda a visão folclórica da direita reacionária de tudo é comunista, inclusive o PT. Assim como contra também uma ideia de que "basta se autodeclarar comunista, que já o é", Marx aborda a relação entre a classe e o partido comunista, e que papel cumpre os comunistas no avanço da consciência de classe e no papel indispensável de ligar cada luta cotidiana, cada combate contra a opressão, contra a retirada de direitos, ou pelo aumento salarial e melhores condições de vida, de uma luta contra o capitalismo, a classe dos patrões, um todo indissolúvel.

As ideias comunistas para responder a realidade

Cada reunião de jovens, estudantes, trabalhadores que se discute um texto como este do Manifesto do Partido Comunista se abre uma faísca para resgatar a luta de milhares e milhões de anônimos que lutaram heroicamente pela transformação radical dessa sociedade. Desde importantes jacobinos, os socialistas filosóficos, os membros da I, II, III, IV Internacional - em cada momento histórico - os operários da Russia que conquistaram a maior obra da classe trabalhadora mundial, os operários da Alemanha, da Espanha, da China que fizeram grandes demonstrações da poderosa força dos trabalhadora, e porque não também os operários e jovens que completam 50 anos desde o inesquecível Maio Frances?

Lenin, um dos maiores dirigentes políticos da classe trabalhadora internacional dizia em O que fazer? Não existe movimento revolucionário, sem teoria revolucionária˜. Estamos com Lenin, na busca de resgatar as lições da luta de classes e propormos a ser continuidade deste movimento pela libertação do homem pelo homem. Num momento do Brasil, onde a direita golpista vem se fortalecendo e cada vez mais buscando retirar históricos direitos e reprimir com tudo as nossas liberdade, vemos uma insuficiência numa esquerda tradicional, que agora, demonstra cada vez mais claramente que não tirou nenhuma lição do ascensão operário e grevistico das décadas de 70 e 80 no Brasil, menos ainda sobre o PT como instrumento da conciliação de classe.

As ideias comunistas nunca foram tão realistas e tão capazes de desvendar os acontecimento políticos. Cabe a nós, o desafio de não nos acostumarmos com a miséria do possível, tampouco alternativas que não coloquem os verdadeiros problemas na mesa. Além do debate entre direita e esquerda, é preciso debater qual alternativa é preciso construir para responder na luta de classes, os nossos problemas. E invés de seguirmos resistindo, nos propormos a de fato vencer os nossos inimigos.

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Leitura Recomendada:

O manifesto do Partido Comunista
Capítulo 1: Burgueses e Proletários
Capítulo 2: Proletários e Comunistas

90 anos do Manifesto Comunista

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