Txai é filha de Almir Suruí, 47, outro ativista indígena que faz diversas críticas ao governo Bolsonaro, o que o fez ser perseguido.

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No final do ano passado, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, pediu à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar "crime de difamação" que teria sido cometido por duas associações ligadas a seu pai.

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Almir criticou a atuação do órgão indigenista federal no combate à Covid-19. O caso acabou sendo arquivado em maio.

Txai perdeu as duas avós para a doença, além de primos e tios.

Weitãg Suruí, avó de Txai e mãe de Almir, faleceu em janeiro e era um dos poucos paiter-suruís vivos nascidos antes do contato, ocorrido em 1969. Nos anos seguintes, doenças trazidas pelos brancos, principalmente o sarampo, quase dizimaram o povo, que habita a divisa entre Rondônia e Mato Grosso.

Além disso, a mãe da jovem, a indigenista Ivaneide Cardozo, 62, passou a receber ligações com ameaças de morte por conta de denúncias contra invasores da Terra Indígena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau. Dois deles estiveram na sede da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, fundada e liderada por ela. Ivaneide teve que deixar Rondônia e se exilar por dois meses.

As invasões à TI Uru-Eu-Wau-Wau começaram em janeiro de 2019, enquanto Bolsonaro falava de reduzir terras indígienas. Nesse contexto de conflito, Ari Uru-Eu-Wau-Wau, 33, que atuava como guardião do território, acabou assassinado com golpes na cabeça, em 18 de abril de 2020. Até hoje a justiça não foi feita.