Foto: Andréia Iseki

Segunda-Feira dia 17 e abril, a vendedora de balas Baiana foi vitima de uma ação (rapa) da GCM (Guarda Civil Municipal), que tem como intuito restringir o comércio ambulante na região do centro da cidade e Mauá, os trabalhadores ao primeiro sinal da GCM correm e inicia-se a perseguição pelo centro da cidade, viaturas, cassetetes, humilhação e agressões físicas são usadas cotidianamente contra os vendedores e nesta segunda-feira não foi diferente, a operação começou por volta das 16h e rapidamente os trabalhadores se dispersaram em velocidade, baiana que estava sendo perseguida correu para as proximidades do Shopping Center, olhando para trás para verificar a localização dos seus perseguidores, Baiana não viu a carreta que transportava combustíveis fazendo a curva na rua, o impacto foi grande sem chances de sobreviver ela foi arrastada por 30 metros, seu copo ficou debaixo das rodas do caminhão e a trabalhadora foi apenas identificada pela filha por causa dos sapatos que a mãe tinha comprado dias antes.

O desemprego na Região do Grande Abc é de 17%, a dura realidade da crise financeira descarrega seu peso principalmente nas mulheres negras, são elas que menos recebem em todos os setores de atividade, por falta de emprego muitos partem para o comércio ambulante para sobreviver e tirar o sustento do dia a dia, fato que tem feito este tipo de atividade crescer exponencialmente. A situação do comércio ambulante no centro de Mauá já é insustentável e é umas das poucas saídas para a população desempregada. Durante os primeiros dias de seu mandato o prefeito Atila Jacomussi (PSB) fechou os olhos não querendo se indispor tão cedo com seus eleitores, mais sob as constantes pressões dos comerciantes acabou permitindo a operação rapa da GCM. Até o momento Atila Jacomussi (PSB) não se pronunciou sobre e segue sua agenda como se nada tivesse acontecido e sob suas ordens a GCM continua com sua operação ostensiva, ontem mesmo pelo centro da cidade foi possível ver trabalhadores correndo dos seus possíveis algozes.

A morte de Baiana mostra claramente o racismo estrutural em nossa sociedade, uma mulher negra que sai pela manha para ganhar o mínimo para sobreviver e que faz parte de milhões de mulheres negras condenadas ao pior que essa sociedade tem a oferecer, mais que mesmo assim se levantam dia após dia e levam o sustendo para si e para os seus, mulheres de historias de vidas inquestionavelmente corajosas, encontram seu fim na fila do sus, nos acidentes de trabalho, na solidão ou na mão da policia como Baiana. A polícia segue independente de militarizada ou não matando preto e pobre todos os dias das maneiras mais diversas. Apenas com uma luta ferrenha contra precarização do trabalho, fim da terceirização, igualdade de salários entre negros e brancos e o fim de todas as policias é possível um futuro diferente para a população negra de conjunto.