Publicamos abaixo mais um relato diante da crise do coronavírus e o descaso da patronal nos locais de trabalho pelo Brasil. A trabalhadora preferiu não identificar a empresa nem o local onde trabalha por temer sua demissão:

Olá, eu não vou revelar nenhum nome nesse texto para proteger minha integridade e meu trabalho.

Somos mais de 1500 pessoas circulando no mesmo prédio - só no meu produto (como chamamos a empresa que somos terceirizados) - vindas de todos os cantos de São Paulo.

Trabalhando comigo, há pessoas que demoram 2 horas ou mais para chegar no trabalho e em casa, utilizando diferentes meios de transporte da capital.

Junto comigo também, existem pessoas vivendo com HIV, pessoas mais velhas, pessoas convivendo com pessoas com mais de 60 anos, com filhos pequenos e pessoas com comorbidades, pessoas dos grupos de risco.

Trabalhamos em turnos de 6h20 com pausas de 10/20/10 minutos. Muitas vezes não dá tempo de pegar o elevador e sair para tomar um ar fresco.

As salas são refrigeradas por ar-condicionado (por conta dos computadores), que em pandemia foi colocado bem frio. As janelas são seladas e persianas fechadas para que ninguém possa ver os dados dos clientes que lidamos em atendimento.

Trabalhamos em computadores de uso comum. Não há esterilização deles na troca dos turnos, analistas entram para trabalhar de hora em hora. Temos acesso a poucos álcoois em gel e os que temos acesso ficam em locais como banheiro e recepção.

Não temos sabão de qualidade para lavar as mãos. Na minha empresa, não temos papel para enxugar as mãos, usamos aqueles sopradores de ar (que têm a função esterilizar, mas está desligada)

Vejo diversos colegas reclamando do frio - e por vezes usando vários casacos para tentar manter uma imunidade - e com o cenário de pandemia, sentimos uma diminuição na quantidade de atendimentos que fazemos.

Mesmo assim a empresa opera com 100% do efetivo. Não há alternância de escala, não há dispensa médica ou verificação daqueles que entram no trabalho com alguns sintomas (tosse, febre, espirros), não há sequer um ambulatório.

O produto exige da empresa um plano de contingência. A empresa exige do produto uma divisão dos gastos operacionais e nesse vai-e-vem dos empresários, seguimos nos expondo e expondo nossas famílias diariamente.

Veja também: Coronavírus: "Ou trabalha ou se demite" diz chefia para trabalhadores do telemarketing

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