Julio Lancellotti da Pastoral do Povo de Rua e o artista plástico Mundano relataram ao portal R7 que desde o assassinato de Ricardo, carroceiro conhecido como "Negão" morto por um policial com três tiros em Pinheiros no dia 12 deste mês, Piauí amigo da vítima e única testemunha do crime, andava muito nervoso e assustado, tanto que durante o protesto contra o assassinato ele apenas chorava apontando para o local enquanto dizia: Mataram meu irmão aqui.

Gilvan Artur Leal mais conhecido como Piauí, assim como Ricardo também carroceiro era carroceiro em situação de rua. Piaui foi agredido e ameaçados por policiais na cena do crime durante o assassinado de seu amigo. Na quarta-feira (19) ele foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), possivelmente decorrente de hipertensão prolongada, vindo a falecer durante a tarde de ontem (20).

Segundo nota de moradores de Pinheiros, Pauí dizia para todos os moradores que passavam na rua, depois de contar a história do Ricardo: “eu sou o próximo”. A nota ainda acrescenta que o morador de rua estava muito abalado, chorava e relatava estar com medo das ameaças que tinha sofrido da polícia.

Em nota a Santa Casal de São Paulo que atendeu Gilvan se limitou a dizer:

"Paciente de 52 anos de idade, deu entrada no Pronto Socorro Central em 19 de julho de 2017, com quadro de rebaixamento do nível de consciência e vômitos, trazido pelo Samu.

No Pronto Socorro, durante atendimento médico, apresentou crise convulsiva prolongada. Os exames realizados apontam para Hipótese Diagnóstica de Acidente Vascular Cerebral em região de tronco encefálico.

O paciente evoluiu a óbito em 20/07/2017 e foi encaminhado ao IML para apuração da causa da morte."

Assim como Mundano disse ao R7, afirmamos que a PM é responsável por essa morte dentre muitas outras, mas não somente ela, o Estado e todo o sistema capitalista do qual a polícia é o braço armado para garantir sua manutenção, também são. Ambos mortos foram vítimas acima de tudo da exclusão, da falta de moradia e de comida. Casa e comida nós temos aos montes pela cidade mas ficamos reféns da especulação e dos empresários que almejam apenas garantir seus lucros.